Sou fã de carteirinha de filmes baseados em histórias reais, que por sinal são desafiadores para o cineasta e produtores envolvidos, já que eles têm que adaptar para a telona, de forma criativa e transparente, a trajetória, não só de seus personagens, mas de pessoas que estão vivas e, de fato, percorreram aquela jornada. Por isso confesso que sou mais exigente quando assisto a esses filmes, cada detalhe realmente importa. E, por mais que sejam necessários vários ajustes no roteiro, para dar a história o tom cinematográfico, o fio condutor tem que ser o mais próximo possível da realidade, não só para celebrar seus protagonistas, como o público que acompanhou na mídia o desenrolar dos acontecimentos, como no caso de “O Relatório” e, de certa forma, em “Dois Papas” também.
Dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, “Dois Papas” estava no topo da minha lista no Austin Film Festival. Cheguei cedo na sessão para garantir um bom lugar. Católica, brasileira, eu tinha a sensação que ou eu amaria ou detestaria o filme, não tinha muita chance do “mais ou menos”. Eu já sabia que o filme, o diretor e os atores estão entre os favoritos na corrida do Oscar, mas isso pra mim não significa nada. Vide “Green Book”
que ganhou a estatueta na categoria melhor filme e, na minha opinião foi um fiasco.
Mas “Dois Papas” não só me agradou, como elegi ser o meu filme predileto de Meirelles, e olha que assisti todos. O filme será lançado em dezembro na Netflix, mas eu encorajo ao cinéfilos de plantão, que tiverem oportunidade, de assistir a essa obra-prima no cinema. Com uma fotografia espetacular e atores, que dão um show de interpretação, “Dois Papas” tem uma edição caprichada, uma trilha sonora marcante, um roteiro que emociona e diverte ao mesmo tempo. Mostra o lado humano, sensível, sincero dos Papas Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce) e Bento XVI (Anthony Hopkins), suas diferenças, semelhanças, suas dores e conquistas, seus medos e arrependimentos. Meirelles fez um trabalho de mestre nessa produção e aproveitou a oportunidade para, de forma sútil e colorida, fazer uma homenagem ao Brasil e a tudo que ele acredita. Por isso tudo, faça parte do nascimento de uma grande e respeitosa amizade entre os Papas Jorge e Bento XVI, assistindo esse filme no cinema. Você não vai se arrepender.
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vvvvv | Buenos Aires, 2012. O cardeal argentino Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce) está decidido a pedir sua aposentadoria, devido a divergências sobre a forma como o papa Bento XVI (Anthony Hopkins) tem conduzido a Igreja. Com a passagem já comprada para Roma, ele é surpreendido com o convite do próprio papa para visitá-lo. Ao chegar, eles iniciam uma longa conversa onde debatem não só os rumos do catolicismo, mas também afeições e peculiaridades da personalidade de cada um. Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-258752/ |
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Teaser legendado:
Numa sessão lotada, em um estado republicano (o Texas é um estado conservador.), a sessão de “O Relatório” foi uma das mais concorridas no Austin Film Festival. O filme aborda a preparação do relatório que aborda as práticas de tortura usadas pela CIA, ao interrogar suspeitos envolvidos no atentado de 11 de Setembro, provando claramente que o fim NÃO justifica os meios. Essa história ganhou as manchetes alguns anos atrás, ainda no governo Obama, como eu já morava nos EUA, tive a chance de acompanhar o bafafá pela TV e redes sociais. Mas o filme, além de explicar em detalhes, mostrou que tanto republicanos quanto democratas tentaram colocar panos quentes na situação e salvar a CIA das acusações, apesar de estar claro que a prática das técnicas utilizadas por membros do governo não só eram contra a lei como não foram eficazes para a investigação do 11 de Setembro.
Esse é o tipo de filme arriscado de produzir, não pela história em si, mas pela quantidade de informações relevantes que tem que constar no roteiro. O segredo é escalar atores que consigam dar conta do recado, e Adam Driver, que interpreta agente Daniel J. Jones, responsável pela investigação contra a CIA, e Annette Bening, que no filme é a senadora Dianne Feinstein, que abre essa caixa de Pandora, convidando Daniel para preparar o relatório, dão um show de interpretação na telona. O filme é um presente para o público pelo mundo afora, especialmente para os norte-americanos terem consciência de que seu país e seus governantes estão longe de serem perfeitos, e muito lixo e injustiça acontece nos porões dos prédios do seu governo, em Washington, DC.
“O Relatório” estreia dia 7 de novembro cinemas no Brasil. É um daqueles filmes que vale a pena conferir, pois é educativo e esclarecedor e uma aula de excelentes performances. Nota 10!
Trailer legendado:
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vvvvv | Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, a CIA passou a adotar o uso da tortura como meio de obter informações de pessoas consideradas ameaças ao país, sob a justificativa de evitar a todo custo que um ataque do tipo acontecesse mais uma vez. Trabalhando para a senadora Dianne Feinstein (Annette Bening), o agente Daniel J. Jones (Adam Driver) inicia, em 2007, uma investigação interna achei erca de denúncias sobre a destruição de fitas de interrogatório por parte da CIA, divulgadas através de reportagem publicada pelo jornal The New York Times. Com muita dificuldade em conseguir os documentos necessários, Daniel dedica-se ao relatório por quase uma década, sem saber se um dia as descobertas por ele feitas serão expostas ao público. Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-260709/ |
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Data de lançamento: 7 de novembro de 2019 (mais 2h 00min)
Diretor: Scott Z. Burns
Elenco: Adam Driver, Annette Bening, Jon Hamm mais
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA
Saiba mais sobre o que rolou no Austin Film Society: