Todo mundo sabe que sou fã de carteirinha da diva Miley Cyrus. Acompanho tudo sobre a carreira dessa mulher talentosa, que muito me inspira. Quando acordei e li seu post sobre sua parceria com Beyoncé, em Cowboy Carter, novo album da Queen B, que celebra a música country, aumentei o som e fui conferir.
Viciei na hora em II Most Wanted e, mesmo sem curtir muito o gênero country, parti para ouvir o longo e super bem produzido álbum. Me remeteu aos anos de Beyoncé no grupo Destiny’s Child. Não pelo gênero musical, mas pela força da mensagem desse projeto.
Eu era muito fã do Destiny’s Child (conheci o grupo na segunda formação, Beyoncé, Kelly Rowlands e Michelle Williams). Décadas antes do empoderamento feminino virar assunto, hinos do grupo como Say My Name, Survivor, Independent Women e tantos outros, já empoderavam mulheres pelo mundo afora.
O Destiny’s Child marcou a minha geração e colocou no cenário musical uma das mais maiores cantoras da história do entretenimento. Não acompanhei a carreira solo de Beyoncé, embora tenha sempre reconhecido seu talento e a sua importância como uma mulher preta, nascida e criada em um estado conservador no sul dos EUA, que enfrentou desafios e preconceitos para chegar onde está, inclusive na comunidade da música country, considerada um gênero musical de brancos para brancos.
Beyoncé já era famosa quando sua música Daddy Lessons (do seu consagrado álbum Lemonade) foi recusada pela Recording Academy para concorrer ao Grammy na categoria melhor música country, assim como sua performance da música na premiação Country Music Association Awards foi detonada pela comunidade, pela imprensa e veículos country, em 2016, apenas oito anos atrás.
Mas, como Beyoncé, juntamente com Kelly e Michelle, já dizia em 2001, ela é uma “Sobrevivente” (Survivor ainda é um dos meus álbuns favoritos de todos os tempos), ela retorna ao gênero que tanto a desprezou e em 27 músicas, reinventa o country e chacoalha a sociedade ao celebrar suas raizes texanas em Cowboy Carter.
Ao convidar Miley para participar do álbum, Beyoncé honra a “monarquia country,” já que Cyrus nasceu no sul dos EUA, no Tennessee, estado considerado o berço da música country, é filha de Billy Cyrus, um cantor country, além de ser afilhada de Dolly Parton, a rainha do gênero, que, também participa do álbum, abençoando o trabalho de Beyoncé.
Sou suspeita, mas os críticos especializados em música também concordam que a canção das de Miley e Queen B ficou perfeita. Suas vozes combinam de uma forma pra lá de especial, sendo um dos hits do álbum. Sem contar que Miley, fã de carteirinha desde pequena, realizou um grande sonha ao trabalhar com sua musa.
Mas Beyoncé veio causar e também convidou Post Malone, o rapper branco, para participar de Cowboy Carter, o que resultou em outro hit, um dos favoritos dos fãs. Malone sofreu no hip hop, muito do preconceito que Beyoncé sofreu no country, lembrando que para uma mulher preta as críticas são sempre mais amargas.
Mas hoje Beyoncé experimenta o gosto da vitória, o álbum mal foi lançado e já causou uma revolução batendo todos os recordes e provando que racismo não derruba e nem desencoraja uma estrela como Beyoncé, muito pelo contrário, a inspira e a fortalece a escrever e produzir o que, eu acho, é o álbum mais relevante de sua carreira, pois serve como um tapa na cara de uma faixa da sociedade preconceituosa que acha que estilo de música deve ser determinado pela cor da pele.
Desculpa pessoas desprezíveis, mas uma diva destemida como Beyoncé reina em qualquer gênero musical. E ela pode recriar melodias e mudar letras de clássicos e vai atingir um pedestal ainda maior que o esperado, Cowboy Carter é a prova concreta disso.
Eu cheguei no álbum por conta da Miley, mas fiquei ao ver que a Beyoncé que eu tanto admirava subiu ao palco e roubou a cena mostrando que a música é universal, não tem gênero de branco, preto, asiático, música é, e deve ser sempre, uma expressão de arte democrática e diversa.
O mundo provavelmente já conferiu, mas não custa colocar aqui o link do álbum porque nunca é demais dar play de novo:
Beyoncé & Miley
Beyoncé & Post Malone
E, claro, que depois de Cowboy Carter a dica é fazer uma viagem ao passado e dar play em Survivor, que é mais atual – e GENIAL- do que muitos álbuns de sucesso lançados hoje em dia: