O nome original do filme “No Ritmo do Coração” é “CODA”, a sigla significa “Child of Deaf Adults” ou “Filho de Adultos Surdos”.
O filme conta a história de uma família com deficiência auditiva que comanda um negócio de pesca em Gloucester, nos Estados Unidos. A filha mais nova Ruby (Emilia Jones) é a única pessoa da família que escuta. Ela ajuda os pais e o irmão surdo com as atividades do dia-a-dia. Mas por conta disso, ela é vista como alguém estranha em sua escola, isso até ela se juntar ao coral, onde acaba se envolvendo romanticamente com um de seus colegas e começa a fazer amizades. Com o tempo, ela percebe que tem uma grande paixão por cantar e seu professor a encoraja a tentar entrar em uma escola de música, já que sua voz é linda. Enquanto isso, sua família luta para pagar as contas com o negócio de pesca, pois novas taxas e sanções são impostas pelo conselho local. A jovem, então, treina para ser aceita na faculdade de Berklee, onde poderá seguir com o canto, mas ela precisa decidir entre continuar ajudando sua família ou ir atrás de seus sonhos. Fonte: Adoro Cinema
O roteiro escrito e dirigido por Sian Heder é um remake do filme francês “La Famille Bélier,” de 2014.
A estoria da família Rossi nos emociona e diverte. Apresentando desafios e questões que não vemos com frequência nas telas de cinema, já que raramente temos um filme baseado na jornada de uma família com deficiência auditiva. Ao mesmo tempo, nos identificamos com os desafios e as delícias da vida em família, especialmente durante a nossa adolescência.
Gostaria de destacar os dois pontos que mais me chamaram atenção neste projeto, a química perfeita entre os atores e o fato da produção ter escalado atores surdos para os personagens principais, diferente da versão original francesa, quando atores ouvintes interpretaram os personagens surdos.
O elenco está tão afinado que ganhou o SAG Awards como o melhor elenco. Além disso, Troy Kotsur, que interpreta Frank Rossi, o “chefe” da família, é o primeiro ator surdo a ser indicado ao Oscar e o grande favorito, já que levou todos os grandes prémios (SAG, BAFTA, Critic’s Choice Awards) da temporada.
Em um recente bate-papo com Scott Feinberg, jornalista do The Hollywood Reporter, Troy, que é o único membro surdo na sua própria família, contou que estava prestes a desistir da carreira de ator quando surgiu o teste de elenco para “CODA”: “A vida de um ator já é naturalmente difícil, com altos e baixos, mas para um ator surdo as oportunidades são ainda mais raras. Eu sou casado, tenho uma filha, minha esposa sempre trabalhou e incentivou os meus sonhos, mas eu também precisava ajudar em casa. Com a pandemia, tudo ficou mais complicado, até surgir o teste de CODA. Eu achei o projeto sensacional, me senti representado como homem surdo e fiquei muito feliz quando consegui o papel que mudou a minha vida e trouxe um grande reconhecimento não só para o meu trabalho, como para a comunidade CODA, o que é muito importante”.
A intérprete de sua esposa em CODA (Jackie Rossi), a atriz Marlee Matlin, também é a única atriz surda a ganhar um Oscar, na categoria atriz, por sua atuação em “Filhos do Silêncio”, em 1986.
“Trabalhar com Marlee foi um sonho. Ela é uma atriz super talentosa, uma pessoa maravilhosa, assim como Daniel Durant, que foi nosso filho no filme e também é CODA e Emily. Nós ficamos muito próximos. Eu e Dani dividimos o mesmo AirBnb quando estávamos filmando. Foi excelente. E Emily e eu temos muita química mesmo, talvez porque ela tenha uma personalidade e gostos muito parecidos com os da minha filha. Elas têm quase a mesma idade, adoram música, são muito carinhosas, têm muito em comum. Foi um trabalho muito prazeroso e fico muito contente que o projeto tenha todo esse reconhecimento nos EUA e pelo mundo afora”.
“No Ritmo do Coração” é um dos filmes mais cotados para ganhar o Oscar de melhor filme e tem a minha torcida declarada também.
Além de ser uma produção caprichada, com um belo roteiro e atuações verossímeis, o filme fala de uma família que raramente é representada no cinema. Isso sem contar que abriu espaço para atores com deficiência auditiva trabalharem e contarem a sua história através dos seus personagens.
Eu acredito que os filmes tem como objetivo entreter, mas também educar uma sociedade ainda dominada por tantos preconceitos.
“CODA” cumpriu seu papel, nos fez rir, chorar e acreditar nos nossos sonhos, mesmo diante das diversidades da caminhada. Mais que isso, o filme celebrou o amor que existe naquela família, que enfrenta desafios e questões diferentes da nossa, mas é tão importante e perfeita como qualquer outra família que aparece nos comerciais de margarina.