O filme belga “Close” é um daqueles que provam o cinema como a sétima arte.
Já levou o Gran Prix no festival de Cannes e está entre os favoritos para receber uma indicação ao Oscar, na categoria melhor filme internacional.
Nós tivemos o prazer de ir a uma sessão privada de “Close”, que contou com a presença do diretor Lukas Dhont, em Los Angeles. Saímos impactados com a beleza da fotografia, o primor da direção e a excepcional atuação do elenco, especialmente dos dois jovens estreantes, Eden Dambrine e Gustav de Waele, que interpretam, respectivamente, Leo e Rémi.
Em “Close”, seguimos a história de dois amigos super próximos, Leo e Rémi, ambos com 13 anos, que acabam tendo a amizade interrompida, quando entram na mesma escola. A intimidade entre eles chama a atenção dos demais colegas de classe que passam a insinuar que eles têm um relacionamento amoroso. Leo parece ser o primeiro a perceber que sua relação com Rémi pode ser ruim para ele se integrar à nova turma e, com isso, ele começa a evitar o contato físico com Rémi na escola, e também quando estão sozinhos, o que leva a uma luta de quarto que vai um pouco longe demais em uma manhã. Leo faz amizade com outro garoto e começa a jogar hóquei no gelo. Mas, ele é surpreendido quando ouve notícias ruins sobre seu Rémi. Essa não é uma história de amor, mas de pesar, e mostra como Leo processa as más notícias sobre seu melhor amigo.Fonte: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-294372/
“Close” é um daqueles filmes com menos diálogos, mais olhares. As expressões faciais contam a estória. Os personagens trocam palavras por ações. A narrativa é sensível, ao mesmo tempo que é autêntica. Aborda a saúde mental de uma maneira que eu não tinha visto antes no cinema.
O título do filme resume não só a relação entre os personagens (“Close” em português significa perto/próximo), como define também o formato escolhido pelo diretor para apresentar a estória (vários close-ups dos excelentes atores, a emoção no rosto, o que dá a audiência a sensação de proximidade). Isso além de nos chamar a atenção de como uma pessoa pode estar em depressão perto da gente e, como no caso de muitas doenças mentais, muitas vezes não enxergamos.
“Close” fala também de temas super importantes como bullying, orientação sexual, culpa, assim como fala de amor, família, com uma sinceridade rara de se ver na telona.
Na apresentação do filme, Lukas agradeceu a mãe dele que o incentivou e apoiou sua opção de ser cineasta, e ressaltou que foi um adolescente mais solitário e muito da sua experiência pessoal pode ser vista nesse filme.
O filme tira a venda dos nossos olhos e nos coloca perto de realidades que muitas vezes não queremos ver, em relação a nós mesmos, a nossa família, amigos, trabalho e ao mundo ao nosso redor. Um soco no estômago, mas que deixa uma mensagem de esperança, de recomeço.
Eu saí do cinema emocionada e reflexiva, vou pensar em “Close durante muito tempo. E, pra mim, isso é arte, que nos sacode, nos transforma, nos inspira.