No dia “Cinco de Mayo” de 1862, o exército mexicano ganhou uma batalha contra o exército de Napoleão, expulsando os franceses de Puebla. Desde 1863, a data é celebrada na Califórnia, que até 1848 pertencia ao México (não aos EUA).
Mas a festa virou uma sensação nacional nos EUA, sendo hoje mais popular aqui do que no próprio México, mais de 1 século depois; a partir de 1980, quando o capitalismo estadunidense usou a data para vender cerveja, tequila e vinho, pelos bares do país afora.
Eu confesso que quando vim morar em LA, há quase 14 anos, eu entrei na onda de tomar uns drinks em homenagem ao México, sem nem mesmo saber a razão. Mas minha alma jornalista venceu. Fui pesquisar e aprendi que, atualmente, além de vender bebidas alcoólicas, o “Cinco de Mayo” é importante pois celebra a cultura mexicana, tão desprezada e diminuída, especialmente nos últimos anos, nos Estados Unidos.
Com isso, entendi também que, para festejar de verdade, o ideal seria não só ir a um bar, mas procurar um local tradicional, que não só vendesse cerveja, mas que representasse a cultura e o povo homenageado.
Por isso, eu resolvi ir ao “El Cholo”, o restaurante mexicano mais antigo de Los Angeles, que esse ano comemora 100 anos.
Tem várias filiais pela cidade, mas eu fui no original, que fica numa área mais popular.
O restaurante é gigante, tem as paredes repletas de fotos tiradas no local ao longo do seu século de existência. É barulhento, movimentado. Lembra os botecos brasileiros. Frequentado pelo povo, de todas as cores e nacionalidades. Ouvimos mais espanhol, com diferentes sotaques, do que inglês. Por algumas minutos temos a sensação do que seria a Califórnia, se continuasse sendo um estado do México.
A comida é caseira e divina. A marguerita é original, com pouco sal na borda do copo, como no país de origem. O chopp tem colarinho, bem tirado, como no Brasil.
O preço é justo e os pratos são bem servidos, e podem ser facilmente compartilhados. As opções do menu seguem as receitas da culinária mexicana, nada de adaptar para o paladar dos estadunidenses.
Eles não fazem reserva e em dias como o Cinco de Mayo, assim como nos finais de semana e nas horas de pico, como o jantar, você pode ter que esperar um pouco. Mas não é demorado, então sente no bar, como eu fiz, saboreei um chopp gelado e se divirta.
Enquanto outros bares e restaurantes nas áreas mais nobres e turísticas da cidade exageram na decoração do “Cinco de Mayo”, para chamar mais atenção dos clientes e vender mais, no “El Cholo”, a data passa quase batida. Tem uma fita ali e aqui das cores da bandeira do México, que, na verdade, fazem uma referência ao país e não ao dia especificamente, pois assim como no local onde a batalha foi vencida, por aqui ninguém se importa muito com uma vitória militar, afinal tem vários aspectos que são muito mais interessantes sobre o México.
O que me levou a crer que, pela primeira vez em anos aqui, eu festejei o Cinco de Mayo, como os angelenos raiz, no restaurante certo, que servia a comida certa, com a decoração apropriada, que honra não o capitalismo estadunidense, mas a riqueza da cultura dos verdadeiros donos dessa terra. Foi uma noite pra lá de especial.
Viva o México! Não só no “Cinco de Mayo”, mas sempre. Importante ressaltar que são os mexicanos e latinos que mantêm a máquina capitalista estadunidense funcionando, todos os dias do ano.
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