Por: Luana Mattos
Começo dizendo que a sitcom “Brooklyn 99” precisa ser assistida em seu idioma original [inglês], do contrário corre o risco de cair na categoria das séries bobas que encontramos por aí. A culpa não é da dublagem, pois as vozes se encaixam perfeitamente com suas personagens, a falha fica por conta da “versão brasileira” e dos trocadilhos que roubam a identidade da série.
Assistir a episódios isolados pode até garantir algumas risadas mas para quem acompanha a série desde o início, em setembro de 2013, sabe que a proposta de Brooklyn vai muito além da comédia.
Em suas oito temporadas, a série, estrelada por Andy Sandberg, Melissa Fumero, Joe Truglio e Terry Crews (entre outros), abordou temas como assédio, desigualdade salarial, homofobia, racismo, corrupção e perda gestacional de forma coesa e precisa.
Entre uma piada e outra, estes temas, muitas vezes controversos, eram colocados em destaque para gerar conscientização e empatia. A dose equilibrada garantia que a mensagem chegasse ao seu destino com maestria.
Na última quinta-feira, 16, o público americano se despediu da série que teve fim após sobreviver a um cancelamento em 2018 pela Fox, e retomar no ano seguinte com força total pela NBC para mais três temporadas.
Para o público brasileiro, ainda há um caminho a percorrer antes de se despedir oficialmente destas personagens tão queridas, já que a Netflix exibe atualmente até a sétima temporada, e a oitava está prevista para chegar ao catálogo até outubro de 2022.
Listei abaixo alguns motivos pelos quais vale a pena conferir o título.
Representatividade em dobro
A série conta com duas atrizes de origem latina, o que inicialmente poderia gerar uma certa competitividade entre elas logo se mostrou ser um ponto forte, visto que as duas trabalharam tão bem juntas que ambas garantiram seu lugar na série. Mostrando que representatividade não se trata de reforçar nenhum estereótipo, mas sim dar voz a todo tipo de história.
Chelsea Peretti como Gina Linetti
Sabe aquela amiga louca da turma? No meu caso, a Chelsea faz lembrar de uma prima que sempre quebra o gelo e nos faz rir nos momentos mais improváveis. Sem as amarras de um script, Chelsea ganhou carta branca para improvisar durante as gravações, o que faz da personagem Gina Linetti a mais aleatória de todas. Ainda assim, o riso é garantido sempre que ela está em cena.
Romance previsível, mas envolvente
Desde o piloto uma coisa era certa, Amy e Peralta ficariam juntos. Mas a maneira como a série retratou a evolução das personagens até que, de fato, um romance pudesse acontecer de forma genuína e fiel as diferenças que havia entre eles foi o que mais cativou o público. Diferentemente do que é comum nas séries, não houve uma mudança de personalidade para que um pudesse ser aceito pelo outro, o que podemos ver é um sentimento crescente de aceitação, admiração e respeito àquilo que cada um já é.
Terry Crews como sargento Terry Jeffords
Terry Crews é puro coração nesta série, aliás, coração e estômago. Seu personagem de nome homônimo, é extremamente sensível e fica mal-humorado quando está com fome, especialmente, se fica sem seu iogurte. Trazer o lado mais sentimental de um homem fisicamente forte como o sargento Jeffords foi exatamente a proposta de Crews para fugir dos estereótipos de durão.
Com uma média de 95,85% de aceitação no Rotten Tomatoes, “Brooklyn 99” coleciona alguns prêmios como:
Golden Globe Awards
Melhor ator em série de comédia ou musical (Andy Sandberg)
Melhor série de comédia ou musical
American Comedy Awards
Ator de comédia — TV (Andy Sandberg)
Critics’ Choice Television Awards
Melhor Ator coadjuvante em série de comédia (Andre Braugher)
NHMC Impact Awards
Conquistas e contribuições excepcionais para as representações positivas dos latinos na mídia (Melissa Fumero)
“Brooklyn 99” está disponível na Netflix, com episódios de aproximadamente 25 minutos. A série é uma ótima opção para assistir nos intervalos ao longo do dia. Confere lá!