Para fechar a semana que compartilhamos os detalhes da Pride, em West Hollywood, uma homenagem que fazemos a todos nossos leitores e colaboradores LGBTQIA+ e aos aliados, nada melhor do que uma matéria pra lá de especial sobre o super aclamado filme “Blue Jean”, que tocou profundamente meu coração, além de me educar sobre um marco triste da história da Inglaterra.
“Blue Jean” segue uma professora de educação física lésbica no final dos anos 1980, quando uma lei controversa, a seção 28, proibia a “promoção da homossexualidade” nas escolas, na Inglaterra. A campanha foi promovida pelo governo conservador de Margaret Thatcher contra a população LGBTQIA+. O filme foi inspirado na história de Catherine Lee e Sarah Squires.
Estivemos com a diretora Georgia Oakley e a protagonista Rosy McEwen (Jean), numa sessão privada do filme em Los Angeles.
Georgia fez seu debut como diretora de longa e compartilhou os desafios dessa jornada, “foi um filme que demorou muitos anos para acontecer. Quando já estava tudo certo para rodarmos em 6 semanas, eu recebi uma ligação do produtor executivo dizendo que teríamos que fazer tudo em 5 semanas. E como rodamos em locações diferentes, com um elenco relativamente grande pro nosso orçamento, foi um desafio perder 1 semana, porque não tínhamos espaço, nem tempo e nem dinheiro pra erros. Por sorte, todo o elenco e a equipe estavam comprometidos a ajudar. Rodamos em filme, não em digital, e fizemos poucos takes de cada cena, foi estressante pra mim, mas um grande aprendizado em que a colaboração de todos foi essencial e contribuiu no resultado desse projeto. Estamos todos muito realizados com a boa recepção que o filme recebeu até agora. Esperamos que continue assim”.
Rose complementa, falando sobre a sua experiência em frente às câmeras, contando uma história inspirada em duas mulheres que participaram e acompanharam o desenrolar do projeto, “a gente sabia que tínhamos pouco tempo e precisávamos ajudar a Geórgia a cumprir o prazo e o orçamento, além disso, eu tinha a responsabilidade de contar a história da Catherine de uma forma autêntica. Eu queria que ela e a Sarah ficassem satisfeitas com o resultado, especialmente da minha atuação. Ainda bem, que esse foi o caso. Mas durante toda a trajetória, eu tinha esse compromisso em mente, o que até me ajudou na composição dessa personagem tão interessante que está presenciando um momento da história do seu país que afeta diretamente a sua vida profissional e pessoal, afeta quem ela é e como ela interage com a família, a namorada, os amigos, as pessoas no trabalho e a sociedade em geral. Claro que eu já tinha ouvido falar na seção 28, mas eu era criança quando isso tudo aconteceu, fui pesquisar os detalhes para esse projeto e não tem mais muita coisa disponível, porque o próprio governo deletou as informações, mas acho importante a gente abordar esse assunto que, infelizmente, ainda está muito presente na sociedade hoje“.
Rose tem razão. Com a ascensão da extrema direita nos último anos, a gente sabe que os ataques à comunidade LGBTQIA+ aumentaram consideravelmente, inclusive nos EUA, e no Brasil, que é considerado o país com o maior índice de violência contra a comunidade LGBTQIA+. Uma vergonha e uma tristeza, que vamos denunciar sempre.
Por isso um filme como “Blue Jean” é tão importante, além de sensível e brilhante, toca num ponto onde a política interfere diretamente no bem estar e na segurança dos cidadãos, comprometendo o sistema educacional e restringindo a liberdade da sociedade.
Imperdível conferir e, se puderem, ajudem a divulgar!
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vvvvv | Autocensura A Seção 28 impediu conselhos e escolas de “promover o ensino da aceitabilidade da homossexualidade como uma relação familiar “fingida”. Esteve em vigor até 2000 na Escócia e 2003 na Inglaterra e no País de Gales. |
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