Por: Gabriela Ribeiro
Bates Motel é a série que não deveria ter dado certo, mas deu! A premissa é simples: uma prequela de “Psicose” (livro de Robert Bloch, filme de Alfred Hitchcock), trazendo um ainda jovem Norman Bates à atualidade e mostrando, principalmente, sua relação com a mãe, Norma Bates.
O fato é que o filme de Hitchcock é uma obra prima. A famosa cena do chuveiro é apenas um exemplo da genialidade do mestre do suspense. E mexer com um clássico desses é perigoso. Muito perigoso.
Gus Van Sant (ganhador de uma Palma de Ouro, inclusive, pelo ótimo “Elefante”), por exemplo, é um cineasta respeitado no mundo inteiro. Porém, em 1998 decidiu fazer um remake de “Psicose”. E eis que foi apenas mais do mesmo. Mesma edição, mesmos planos, atores diferentes. Ou seja, algo totalmente sem sentido e desnecessário.
Dito isso, é claro por que bateu um frio na barriga quando anunciaram a tal série sobre a juventude de Norman Bates. Como uma fã de Hitchcock, não poderia deixar de pensar que a obra do diretor seria desmerecida pela série. E ainda resolveram trazer a série para os dias atuais, como se não bastasse. Não poderia sair algo bom disso aí, não.
Pois saiu. E superou qualquer expectativa. A começar pelas atuações de Vera Farmiga (incrível) e de Freddie Highmore (que eu não acreditava ser capaz de encarnar Norman). Eles são capazes de mostrar o lado doce e manipulador de seus personagens assim como o lado doentio e sombrio.
Em “Psicose”, Norman é tido como o vilão do filme, mesmo que com seus distúrbios mentais. A série veio para nos mostrar o porquê disso. Seria possível alguém se desenvolver normalmente rodeado de assassinatos e de uma mãe superprotetora como a Norma?
A série começou um pouco “all over the place”. Cheia de plots e histórias a serem desenvolvidas, soava até desesperador. Porém, ao longo da temporada, as coisas se ajeitaram. Claro que há um elemento de exagero, mas é compreensível e agradável, até.
E, assim, a série surpreendeu a mim e a muitos outros que não acreditavam no potencial que tinha. Muito bem executada, tratando da violência, do mercado de escravos sexuais e da formação de uma mente perturbada – tudo com um toque de ação e suspense -, a série conseguiu boas reviews de críticos profissionais, além da audiência, garantindo sua segunda temporada.
Agora, é hora de esperar pela próxima temporada. Acredito que agora, com a temporada de apresentação terminada e com os espectadores “fisgados”, a série tenha mais conforto para aprofundar-se na mente de Norman, na confusão que sua mãe cria ali e todas as consequências disso.
Um último adendo, àqueles que nunca assistiram ao filme original, de 1960: corram e vejam logo!
Adoro esta série e não vejo a hora dela recomeçar. 🙂