Experiências são feitas para serem compartilhadas

Por: Luana Mattos

Quando se fala de “Vida Real” é impossível não filosofar a respeito da vida, e por que não compará-la a uma viagem? Com suas idas e vindas, embarques e desembarques, por vezes uma espera constante pelo veículo que nos conduzirá à nossa próxima aventura.

sapelli3

Na vida também carregamos uma bagagem que, de tempos em tempos, passamos adiante ou trocamos com as pessoas que conhecemos ao longo de nossas jornadas. Para Fernando Sapelli, que ainda jovem saiu de sua terra mãe (Brasil) para se aventurar (e estudar) na Irlanda e na Itália, a vida pode sim ser comparada a uma viagem cuja bagagem traz autoconhecimento e sabedoria. Fernando nos conta que, após ter estudado na Irlanda e na Itália viajou até os EUA para conhecer o lugar, e visitar as faculdades onde pretendia estudar, optando por fim pela Universidade de Santa Barbara, que segundo ele tornaria mais fácil à adaptação por se tratar de uma cidade menor, porém ele admite, “a mudança é grande, um desafio que tem que fazer por si só, sair de um lugar familiar para um lugar onde terá que se virar por conta própria.” Mas nós sabemos que quando se trata de um sonho, todo o esforço é válido.

sapelli2

Diferente da sua tradução literal “CARPOOL” (carro piscina) não se trata de uma faixa para veículos que carregam piscinas e sim uma faixa especifica para carros com 2 ou mais pessoas

O inglês, como sabemos tem as suas “armadilhas”, mas o importante é não ter medo de perguntar! Quanto ao mercado de trabalho nos EUA, Fernando que começou fazendo estágio em cinema afirma, “ser estrangeiro pode ser muitas vezes uma vantagem, pois no mundo em que vivemos trazer essa experiência de duas ou mais culturas é um ponto positivo”, e acrescenta que, “os americanos têm uma expectativa em relação aos brasileiros, por se tratar de um povo alegre e festivo”.

Sapelli traz ainda em sua bagagem a experiência de trabalhar na Appian Way e na Sony Entertainment, e compartilha conosco um pouco do que aprendeu nessas duas empresas:

appian_way

 

sony

sapell_foto1i

Como em toda viagem, há o desejo de compartilhar o que aprendemos, com esse objetivo Fernando criou o projeto “People of Change” que tem por objetivo documentar os esforços de ONGs e indivíduos trabalhando na melhoria de suas comunidades. “Após trabalhar na Sony quis usar meu conhecimento e experiência para o bem, a ideia inicial era de fazer um documentário sobre o trabalho das organizações no mundo a fora que estavam promovendo mudanças em sua comunidade”, ele lembra.

sapelli_POC

O que inicialmente seria um documentário apenas se transformou em vários curtas-metragens que facilitam a divulgação dos projetos, ele explica. Após viajar por tantos países e conhecer diversas culturas Fernando destaca que os costumes e tradições diferenciam muito um país do outro, mas o que os países têm em comum são as pessoas, apesar de todos os aspectos negativos no mundo: “O bem ainda é a maioria, esse bem é o que une as pessoas, é algo que todo mundo compartilha. Na busca do bem é que as pessoas acabam se juntando. É a bondade nas diferentes formas, pode ser um sorriso, um aperto de mão, uma ação, um pequeno gesto, é isso que carregamos de semelhante”.

Mas também chega a hora de voltar para a casa… Após viajar o mundo, Fernando Sapelli decidiu voltar à terra natal. Agora com uma bagagem mais rica não apenas em cultura, mas também em conhecimento. Teve que recomeçar do zero aqui, se readaptar e se reconectar, foi um processo difícil por estar em outra fase de sua vida. “Mas da mesma forma que ser brasileiro é um ponto positivo no exterior, voltar para o Brasil com essa bagagem também pode ser muito positivo”, ele garante.

sapelli4

Sobre os prós e contras de trabalhar na indústria de cinema brasileira ele declara:

• A indústria americana é maior, tem mais alcance, tem uma audiência global, o Brasil tem uma audiência local que muitas vezes é desvalorizada pelo público brasileiro, o cinema aqui ainda é um público pequeno, nos EUA existe uma profissionalização muito grande em todos os ramos da indústria do cinema, no Brasil embora tenhamos ótimos diretores, fotógrafos, e o equipamento seja tão bom quanto o americano, ainda há uma carência de bons roteiristas e de uma boa divulgação do cinema aqui;

• Embora a indústria brasileira seja menor do que a americana ela oferece mais oportunidades de crescimento.

• Existe certo preconceito com o cinema nacional, não existem filmes de gênero, não tem uma variedade tão grande quanto o cinema americano, mas tem muita coisa boa. Não é só uma responsabilidade dos produtores de fazer novos filmes mas sim do público brasileiro aceitar esses novos filmes que estão sendo feitos;

• Nos próximos cinco anos haverá um amadurecimento muito grande na indústria do Brasil. O brasileiro é muito criativo.

Embora tenha estabelecido morada no Brasil, os planos para o futuro não se resumem apenas ao país, Fernando está trabalhando no documentário Exodus  – http://exodusmovie.org/–  uma coprodução Brasil e Alemanha, e em mais dois longas que têm estreia prevista para 2015 e 2016.

sapelli

Como mensagem aos jovens brasileiros que têm um sonho, seja na indústria do cinema ou seja em trabalhar no exterior e desenvolver seu próprio projeto, ele encerra dizendo: “Estamos num tempo em que o acesso é muito fácil, seja tecnologia, canal de distribuição, seja o seu público, meios de comunição, então a dica é: Faça! Tenha uma ideia, tenha um equipamento, enfim, faça! É fazendo que você vai melhorar, você vai aprender e vai divulgar o seu trabalho. Junte elementos, una forças e exponha suas ideia.”

“Força de vontade é o elemento principal para você colocar a mão na massa e chegar a aonde você quer chegar.” – Fernando Sapelli

 

sapelli_quenia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *