Por: Claudia Ciuffo
Dos cocriadores de “Friends”, a comédia original Netflix “Grace and Frankie” conta com Jane Fonda e Lily Tomlin como duas mulheres totalmente diferentes que acabam no mesmo barco quando seus respectivos maridos anunciam que se amam. Uma série revolucionária, divertida, emocionante, que trata de temas importantes para os maiores de 70 anos. A série está indicada ao Emmy Awards, Oscar da TV, em várias categorias.
Nós tivemos o prazer de conversar com June Diane Raphael que interpreta Brianna, filha de Grace (Jane Fonda) em Austin, Texas. No nosso papo June contou do orgulho que sente em fazer parte deste projeto que celebra as pessoas maduras, disse que é difícil segurar o riso no set, mas falou também do arco de sua personagem que na terceira temporada tinha recém terminado um relacionamento.
Simpática, a roteirista e atriz, que atua em TV, cinema e teatro, destaca a importância de estar trabalhando em Hollywood neste importante momento de transformação da indústria do entretenimento para as mulheres.
Confira a entrevista e saiba como Grace e Frankie, em cartaz na Netflix Brasil, mostra que você envelhecendo as coisas melhoram, como nos disse a própria June e eu assino embaixo:
Meus pais são super fãs de “Grace & Frankie”, papai tem 71 e mamãe 68, o que eu gostaria de saber é o quão importante é pra você fazer parte desse projeto, único, podemos até dizer diferente porque não existem muitos seriados que celebram a terceira, mais madura e genuína das idades?
J: Tem razão, eu acho que desde “Golden Girls” (“Supergatas”) não temos uma série que aborde as questões que os maiores de 70 anos enfrentam, e em geral a sociedade se desfaz deles como se não servissem pra mais nada. Eu tenho muito orgulho de fazer parte de um projeto que dá voz e representa as pessoas mais velhas. É muito legal mesmo.
Na terceira temporada, eu particularmente adorei o episódio que o vibrador é o fio condutor da história.
J: É maravilhoso mesmo. Meu pai adorou! Assistiu a série toda com os amigos e pra mim como atriz é muito legal validar na minha vida pessoal, o que eu estou representando na série.
É incrível, porque há tantas maneiras de se relacionar com a história. A Brianna, sua personagem, é muito engraçada, mas ao mesmo tempo você tem muitas cenas de emotivas, especialmente nessa última temporada….
J: Foi muito interessante, pois minha personagem estava lidando com um término de relacionamento nesta última temporada.
O que você mais gostou do arco da sua personagem nesta última temporada?
J: De uma forma geral, eu adorei tudo que aconteceu com ela nesta temporada, achei muito bom que eles conseguiram manter a integridade da personagem, porque quero que as pessoas consigam se identificar não só com o lado divertido, mas também com o lado mais vulnerável dela. Você vê a Grace, mas dela, e entende porque a Brianna age como age. Eu adoro ser capaz de interpretar nuances diferentes dela, não somente com falas engraçadas, mas tambêm mostrando o lado sensível e humano dela.
O roteiro da série é muito bem escrito…
J: Concordo plenamente, e o fato da minha personagem ser uma mulher muito segura e auto confiante foi muito inspirador pra mim, me tornei mais segura graças a ela.
Qual e a principal mensagem que você gostaria que “Grace & Frankie” passasse para o público?
J: Eu acho que a serie é muito subversiva e progressista, com mulheres que com o passar do tempo perdem o sexy appeal, e o nosso papel na sociedade. E o que eu gosto nessa série é ver essas mulheres com toda a sua beleza, suas falhas e elas envelhecendo e se tornando mais poderosas. E essa é uma mensagem muito importante nessa cultura obsessiva com a juventude, e melhor que as mulheres mais jovens estão gostando da série também, elas estão vendo a amizade da Grace e da Frankie, e estão vendo que você pode criar estruturas familiares diferentes. A mensagem é que você envelhecendo as coisas melhoram.
Eu acho particularmente sensacional a história de dois homens mais velhos, melhores amigos, sócios, se apaixonarem, e assumirem seu relacionamento aos 70 anos, acho que não tinha visto isso na TV ainda.
J: Eu acho que é legal porque você não vê homens mais velhos saindo do armário. Hoje, nós temos adolescentes saindo do armário com 12 anos, mas com homens mais velhos e diferentes, eles viveram em outra época, tem mais questões pra lidar. O tom da série é leve, é comedia. É uma série subversiva progressista, e isso ajuda as pessoas a digerirem o conteúdo. Eu acho incrível que muita gente esteja mudando a forma de pensar influenciada pela série. Isso é sensacional!
Tem tantos momentos engraçados na série que eu fico pensando, eles devem morrer de rir entre os takes. Isso acontece com frequência?
J: Nós rimos com frequência. Especialmente com a Lily, a gente se diverte muito juntas, umas das minhas melhores cenas esta temporada foi com ela. Mas nós todos criamos um ambiente de trabalho muito legal e vários episódios foram dirigidos por mulheres, e é importante ter mulheres no set, não apenas as atrizes, mas atrás das câmeras também.
Você trabalha há muito tempo na indústria do entretenimento, como roteirista, atriz, trabalhou com teatro em Nova York. Nesse momento, todo mundo sabe que há uma discussão em Hollywood sobre como as mulheres são retratadas na TV, cinema, as oportunidades e salários. O quão importante é pra você como uma mãe, que trabalha na área, estar vivendo esse momento que todo mundo está tentando mudar a indústria e valorizar mais as profissionais mulheres?
J: Eu estou muito feliz em fazer parte da indústria especialmente neste momento, e ainda há muito mais trabalho pela frente. Eu sempre me atrai por interpretar personagens que são reais, que as pessoas possam se identificar. Eu não gosto de mulheres/personagens desinteressantes. Algumas vezes, eu disse não a alguns projetos porque as personagens não eram tão interessantes. Eu decidi por mim mesma que quero interpretar mulheres que são atrevidas, não estereotipadas. A TV está aí pra isso, da muitas oportunidades de desenvolver histórias, criar mulheres fortes. Em geral, é uma época muito melhor e mais atraente para nos mulheres.
Você tem algum projeto em mente como roteirista para escrever sobre mulheres?
J: Eu estou trabalhando num projeto que estou muito animada e vamos ver qual vai ser o futuro dele. O processo é longo. Eu estou escrevendo para mim mesma, pretendo atuar também. Estou escrevendo uma peça de teatro e também escrevi um piloto para o Hulu. Se não der certo no Hulu, vamos ver outras possibilidades. Estou sempre criando, não sei viver de outra forma.
Não é todo dia que entrevistamos uma pessoa que atua e escreve em todas as artes porque elas são universos completamente diferentes? O que você prefere entre TV, cinema e teatro? Tem um favorito?
J: Eu fiz alguns programas de TV que eram de multi câmeras, ao vivo. Eu adoro cinema, mas tem algo a mais quando se tem uma plateia, amo o teatro, não tem nada igual. É gratificante instantaneamente. No teatro é onde eu mais me divirto.
Ainda não viu “Grace & Frankie”? Veja uma palhinha e corre pra maratonar:
Trailer legendado da segunda temporada:
Trailer da terceira temporada: