Por: Luana Mattos
“Eu tenho um sonho”, disse Martin Luther King Jr., e ele não foi o único. Todos nós temos sonhos, mas nem todos estão dispostos a pagar o preço necessário para torná-lo uma realidade. Tenho percebido em minha geração esta falha: temos muitos sonhos e poucas realizações. Talvez seja porque parece que tudo que havia para ser feito já se fez, talvez seja falta de criatividade para sonhar, ou talvez seja falta de convicção.
Convicção
substantivo feminino
1. 1. crença ou opinião firme a respeito de algo, com base em provas ou razões íntimas, ou como resultado da influência ou persuasão de outrem; convencimento.
“c. religiosa”
2. 2. modelo de excelência ou de perfeição (us. freq. no pl.); princípio, ideal.
“ser muito apegado às próprias c.”
Fazemos parte de uma geração que vive uma “metamorfose ambulante”, nossas opiniões mudam tão depressa quanto o sol nasce e se põe. Só me resta constatar que nos falta convicção para lutarmos por nossos sonhos e ideais.
Recentemente, eu assisti ao filme “As Sufragistas” – o longa estreou em 2015, mas somente há poucos dias tive a oportunidade de assisti-lo, lembro que na ocasião de sua estreia o filme teve uma boa repercussão ao redor do mundo mas, de alguma forma, passou batido aqui no Brasil, por isso achei importante destacá-lo novamente, especialmente em um ano de eleição.
Sinopse: No início do século XX, após décadas de manifestações pacíficas, as mulheres ainda não possuem o direito de voto no Reino Unido. Um grupo militante decide coordenar atos de insubordinação, quebrando vidraças e explodindo caixas de correio, para chamar a atenção dos políticos locais à causa. Maud Watts (Carey Mulligan), sem formação política, descobre o movimento e passa a cooperar com as novas feministas. Ela enfrenta grande pressão da polícia e dos familiares para voltar ao lar e se sujeitar à opressão masculina, mas decide que o combate pela igualdade de direitos merece alguns sacrifícios. Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-222967/
Enquanto assistia ao filme, e aos desafios que essas mulheres enfrentaram, desde prisões, greve de fome e exclusão social, diversas vezes me peguei pensando: “eu, no lugar delas, já teria desistido”. Admito que esse pensamento me fez sentir vergonha de mim mesma, e em dívida com a minha geração e com as gerações futuras. Afinal, o que eu tenho feito hoje que impactará positivamente a próxima geração?
Essas mulheres lutaram pelos meus direitos cerca de 90 anos antes de eu nascer, elas revolucionaram a história e inspiraram mulheres no mundo inteiro, e nem sequer receberam os devidos lauréis pelos seus feitos.
No Brasil, mulheres como Celina Guimarães Viana* lutaram para que hoje nós tivéssemos o direito de votar. Muitos dos direitos que hoje nós temos custaram um preço alto aos seus pioneiros. E é nosso dever honrá-los fazendo o bom uso desses direitos. De dois em dois anos temos ido às urnas por mera obrigação, cumprimos nosso papel de cidadão de forma relaxada e negligente. Evitamos assistir ao horário eleitoral e sequer buscamos investigar o passado político e os feitos daqueles que almejam governar nossos municípios, Estados e nação.
Reconheço que o atual cenário político do nosso país está em total descrédito, mas se a nossa resposta a isso for o descaso estaremos desonrando o esforço daqueles (as) que lutaram para que a democracia e a justiça fossem uma escolha. Este ano pense diferente, se informe, leia e ouça as opiniões sobre a política e os candidatos. Valorize seu voto! Alguém pagou muito caro por ele.
* Celina Guimarães Viana foi uma professora brasileira, primeira eleitora do Brasil, ao votar em 5 de abril de 1928 na cidade de Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte. Wikipédia
Fonte: https://jornalggn.com.br/noticia/a-conquista-do-voto-feminino-em-1932