Após papo de Dua Lipa e Patti Smith, tiramos o inspirador livro “Só Garotos” da prateleira e indicamos

O livro “Só Garotos”, de Patti Smith estava na minha lista há anos. Sou fã da cantora, escritora e poeta, que publicou esse best seller em 2010.

Confesso que tinha esquecido dele até assistir o bate-papo de Dua Lipa com Patti sobre “Só Garotos” em setembro. Depois de ver a rainha do punk rock conversando com a diva do pop, não hesitei nem mais 1 minuto e corri pra biblioteca, onde optei por alugar o audiobook, como é narrado pela própria Patti, eu imaginei que seria uma experiência ainda mais fascinante ouvir ela mesma contar a sua história com o fotógrafo, melhor amigo, ex-namorado, Robert Mapplethorpe, que faleceu em consequência do vírus HIV, em 1989.

Patti escreveu o livro a pedido do próprio Robert. Em seus últimos dias de vida, ela o perguntou o que ele gostaria que ela fizesse por ele, “escreva a nossa história, porque só você pode contar a nossa história, já que eu não vou estar mais aqui,” disse Robert.

Não era uma tarefa fácil revistar a juventude e sua história com o amigo, por conta do luto e por outros desafios que teve logo depois, como a perda do marido e a responsabilidade de criar sozinha seus dois filhos. Por isso, Patti levou 2 décadas para lançar “Só Garotos,” mas valeu a pena porque o resultado foi um sucesso estrondoso.

Até porque a história de Patti Smith e Robert Mapplethorpe, que se conheceram em Nova York, no final dos anos 60, quando Patti mudou pra Manhattan, é simplesmente fascinante. Pela trajetória deles como pessoas e artistas, pelo contexto cultural da época e por mostrar uma NY que não existe mais.

Eu chorei muitas vezes, pois apesar de termos jornadas bem diferentes, eu e Patti temos algumas coisas em comum que são tão marcantes na minha vida, como foram na dela. Além disso, como digo sempre, a Big Apple é a minha cidade favorita nos EUA. Ao ouvir Patti narrar suas aventuras com Robert nas ruas do Brooklyn, no Central Park e, especialmente, no Hotel Chelsea, onde moraram e conviveram com muitos ícones da época, inclusive Janis Joplin (de quem sou fã de carteirinha também) fiz uma viagem no túnel do tempo e visitei a NYC dela e de Robert, que tive uma palhinha nos anos 90, mas que não tive a chance de curtir plenamente.

E acho que a experiência do audiobook é intensa pelo estilo da narrativa. Patti compartilhou com Dua Lipa que Robert não gostava muito de ler, por isso ela pensou no livro como se fosse um filme. E, já que Robert era muito visual, ela optou por escrever o livro de uma forma cinematográfica. Eu senti exatamente isso ao ouvir suas memórias, parecia que eu estava ouvindo a narração de um filme. Espetacular.

Sem contar que a voz de Patti é uma combinação de doçura e intensidade, e ao narrar o livro, ela canta e recita uma poesia que escreveu e leu para Janis Joplin na última vez que a viu, antes da cantora partir, após sofrer uma overdose em LA.

Mesmo que você não conheça muito essas lendas do rock ou Robert, eu garanto que vai se emocionar ao ler ou ouvir “Só Garotos.”

No papo com Dua, a própria Patti ficou com a voz embargada e os olhos marejados ao falar do seu amor por Robert e ao agradecer Dua Lipa por usar as suas plataformas pra divulgar o livro, “eu adoro sua música, fiquei lisonjeada que você quis falar comigo. O que você está fazendo é muito especial, levar essa história pra outras gerações. Robert sempre se preocupou muito comigo em relação a fazer dinheiro, porque eu nunca fui muito boa nisso, nunca vendi muitos álbuns, não tenho disco de ouro, nada disso. Mas esse livro vendeu mais de 10 milhões de cópias. Robert, mesmo depois de partir, me ajudou a ter uma segurança financeira e, agora, você está me ajudando a alcançar outros públicos, muito obrigada”.

Dua, nessa altura do campeonato, já estava chorando ao ouvir um dos seus ídolos fazer uma declaração de amor pra ela, só conseguiu agradecer e dizer que indicar “Só Garotos” pra ela era uma honra, pois é uma história que ensina, educa, revoluciona. Ela tem toda a razão. A história de Patti e Robert não é perfeita, não é fácil, não é nada convencional, mas é fascinante, como a própria vida.

Eu não era muito fã ou adepta de audiobooks, mas depois desse encontro com a jornada de Patti Smith acho que funciona, especialmente em livros onde o autor é o narrador e onde a rainha do punk rock narra a sua história com o homem que revolucionou a fotografia.

Imperdível! Inesquecível!

Mais detalhes sobre “Só Garotos” abaixo:

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A História:

“Tem gente que nasce rebelde. Lendo a história de Zelda Fitzgerald, identifiquei-me com seu espírito insubordinado. Lembro de passear com minha mãe olhando vitrines e perguntar por que as pessoas não chutavam e quebravam aquilo.” É com esse tom franco e irreverente – e ao mesmo tempo doce e poético – que Patti Smith revive sua história ao lado do fotógrafo Robert Mapplethorpe, enquanto os dois tentavam ser artistas e transformar seus impulsos destrutivos em trabalhos criativos.

Crescida numa família modesta de Nova Jersey, Patti trabalhou em uma fábrica e entregou seu primeiro filho para adoção, antes de se mudar para Nova York, com vinte anos, um livro de Rimbaud na mala e nada no bolso. Era o final dos anos 1960, e Patti teve de se virar como pôde: morou nas ruas de Manhattan, dividiu comida com um morador em situação de rua, trabalhou e dormiu em livrarias e até roubou os colegas de trabalho, enquanto conhecia boa parte dos aspirantes a artistas que partilhavam a atmosfera contestadora do famoso “verão do amor”. Foi então que conheceu o rapaz de cachos bastos que seria sua primeira grande paixão: o futuro fotógrafo Robert Mapplethorpe, para quem Patti prometeu escrever este livro, antes que ele morresse de aids, em 1989.

Só garotos é uma autobiografia cativante e nada convencional. Tendo como pano de fundo a história de amor entre Patti e Mapplethorpe, o livro é também um retrato apaixonado, lírico e confessional da contracultura americana dos anos 1970, desfiado por uma de suas maiores expoentes vivas.

Muitas vezes sem dinheiro e sem emprego, mas com disposição e talento de sobra, os dois viveram intensamente períodos de grandes transformações e revelações – até mesmo quando Robert assume ser gay ou quando suas imagens ousadas e polêmicas começam a ser reconhecidas e aclamadas pelo mundo da arte. Ao refazer os laços sinceros de uma relação muito peculiar, Patti Smith revela-se uma escritora e memorialista de grande calibre – e o modo como seu texto reflete a lealdade dos dois é comovente, apesar de todas as diferenças.

Pincelado com imagens raras do acervo de Patti Smith, “Só Garotos” pode ser lido como um romance de formação de dois grandes artistas do século XX, que apostaram na ousadia, na liberdade e na beleza como antídotos à massificação – e contra todas as recomendações.

Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Just_Kids

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O papel da mulher nos anos 60

Patti Smith cresceu numa época onde as mulheres tinham papéis bem definidos: ser bonita, bem-educada, cuidar da casa e das crianças. No início da sua adolescência, a imagem que tinha do “feminino” fez com que não quisesse crescer. Para ela, ser mulher significava “o perfume intenso e o batom vermelho” e fazer “tarefas femininas”, coisas bem longe da sua percepção sobre si mesma e do que queria ser. Só com a leitura de “Mulherzinhas”, de Louisa May Alcott, passou a aceitar-se como mulher.

Podemos ver também que quando ela ficou grávida em 1966 ainda havia uma certa desinformação na época sobre a pílula anticoncepcional, que já era legalizada desde 1960, mas ainda não estava difundida. Por ser mãe solteira, sua gravidez revelou-se complicada, fazendo com que mudasse de cidade por causa de vizinhos mal-intencionados, que a consideravam uma criminosa por estar grávida e solteira.

Outra ideia exposta no livro é de que a mulher ser do lar era a norma. Ela explica que seu pai tinha medo que ela não achasse um marido porque não era bonita e queria que ela se tornasse professora para a sua segurança. Porque nessa época se uma mulher tinha um marido não precisava trabalhar, e mesmo quando ela queria trabalhar não era muito aceito. A relação da profissão de professora ser ligada com o feminino é estudada por Lia Faria em seu livro “Ideologia e Utopia nos anos 60: Um Olhar Feminino”, no qual explica que ser professora era a profissão escolhida pelas mulheres devido à ligação da mulher como base para educação e era menos remunerado porque, ao terem um marido, não precisavam de uma quantia justa de dinheiro.

Em meio a tantas inseguranças como mulher, partir para Nova York numa atmosfera de mudanças, permitiu Patti Smith ter a liberdade de ser quem queria ser sem se preocupar com o que a sociedade esperava dela.

Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Just_Kids

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O contexto cultural

Como um livro de não-ficção, “Só Garotos” apresenta um panorama histórico rico sobre a sociedade dos anos 60. Em diversos momentos, Patti Smith menciona situações pela quais passou e que representam os costumes da época, como quando enfermeiras a tratam rudemente durante o seu parto devido ser mãe solteira, caracterizando os conceitos morais e religiosos que regiam a sociedade na época. Além deste episódio, Smith fala sobre a Pílula (que foi legalizada em 1960) quando relata sua gravidez na adolescência e de como era difícil obtê-la.

Comenta sobre chegada do homem a Lua e de como ela mexeu com a sociedade. Faz comentários sobre Woodstock e de como ele movimentou a cidade de Nova York e o círculo artístico. Menciona o assassinato de Sharon Tate e de como não gostava da arte de Andy Warhol, um dos maiores artistas da época.

Patti também descreve singelamente sobre como era ser adolescente nos anos 60 ao contar sua paixão por Bob Dylan, The Beatles e os Rolling Stones.

Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Just_Kids

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Dua Lipa:

 

Para comprar o livro:

https://www.amazon.com/So-Garotos-Em-Portugues-Brasil/dp/8535917764

 

 

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