“Claudia, acabei de assistir um filme ótimo e bem antigo com a Susan Sarandon…’Em Algum Lugar’, já viu? “Claudia, recebi um email do Netflix falando que eu estou Gilmorizando”(por conta da estreia do revival de “Gilmore Girls”, no Netflix). “Claudia, estou vendo as Kardashians, mas esse episódio é antigo, as crianças (filhas da Kourtney) ainda estão bem pequenas.”
Esses foram trechos de conversas e mensagens que troquei com a minha mãe nas últimas semanas. Como filho de peixe, peixinho é, o vício gostoso de assistir TV e acompanhar seriados está no sangue. Não foi à toa que lancei o site do Hollywood é Aqui há 4 anos, hoje, dia do aniversário da minha mãe.
Outro dia mesmo eu estava contando pra ela que quando você não tem TV a cabo nos EUA, o sinal da TV aberta não é bom, mal da para assistir os canais básicos. Ela prontamente compartilhou: “aqui também não, Claudia. Eu falei pro seu pai, vou transferir a Net do quarto que era do seu irmão e hoje em dia ninguém dorme, pra cozinha. Ele concordou e agora sim a TV aqui está pegando bem, você precisa ver”.
Orgulho de ter herdado da minha mãe esta paixão pela TV. Quando trabalhei na TV Globo, eu lembro de dar a mamãe o bloco de capítulos de algumas novelas que ela acompanhava, para ela ler antecipadamente, e ela comentava: “não é a mesma coisa ler, né?!”. Não mamãe, nada como ver o resultado na TV. Mas na era pré-digital foi bom ter amigos na pós produção no Projac que copiaram um capítulo crucial de uma das novelas que mamãe era fã pra ela assistir no DVD quando a gente voltasse de uma viagem ao exterior.
Este site nasceu da minha paixão por seriados, filmes, música, artistas, viagens. Este site nasceu da minha paixão por morar em LA e por compartilhar as minhas aventuras no exterior, mas eu nasci de uma pessoa que esteve sempre presente pra me apoiar incondicionalmente.
Eu tinha uns 4 anos, a gente morava num pequeno apartamento, num condomínio próximo a Angra dos Reis e ao local que meu pai trabalhava na época. A gente tinha uma vida simples, mas excelente! E é de lá que eu tenho as memórias mais vivas e belas da minha infância.
Tinha um pier bem próximo a nossa casa, e minha mãe deixava eu ir lá sozinha pra ver os peixinhos nadando no mar. Isso me dava uma grande sensação de liberdade, o que a minha personalidade precisa até hoje, mas o melhor é que de lá eu olhava pra pequena varanda do nosso apartamento e lá estava a minha mãe acenando pra mim. É engraçado que mais de 40 anos depois eu me lembro não só da cena, mas da felicidade que eu sentia naquele momento.
E ao longo dessas últimas quatro décadas, especialmente nos últimos sete anos, depois de ter me mudado para os EUA, não teve 1 dia, 1 momento, que eu olhasse pra trás e a minha mãe não estivesse la. Muitos quilômetros nos separam, e horas de fuso, mas ela continua acenando pra mim, como nos tempos que ela estava a poucos metros de distância, da varanda pro pier.
Tivemos dias difíceis, discordamos, claro, isso é da natureza humana, mas a minha mãe nunca deixou de me salvar das piores furadas e nunca deixou de celebrar cada uma das minhas vitórias.
Era para eu estar com a mamãe hoje no Brasil. Infelizmente, tive que alterar meus planos de viagem, e quando liguei pra ela pra contar que não poderia ir, ela lamentou, claro, mas sem drama, disse: “Claudia, Deus quis assim, você já vai saber porque. Você vem em breve”. Contei pra um amigo o que ela me disse, e ele: “Sua mãe é o máximo mesmo, a minha teria feito um drama”. Mas mamãe sabia que eu já estava chateada em demasiado e que tudo que ela podia fazer naquele momento era levantar o meu astral, funcionou! E, sim, ela tinha razão, Deus sabe o que faz, e eu vou em breve.
Agora acho que a minha mãe se redescobriu no papel de avó, desde o nascimento da minha sobrinha Stella, em 2014, eu acho que a vida dela ganhou um novo propósito. Lógico que é impossível não se apaixonar pela Stella. Ela é uma figura com personalidade, alto-astral, e uma alegria contagiante. E, sem dúvidas, ela mudou a vida de toda a família, e trouxe uma felicidade especial ao coração da minha mãe.
Para encerrar essa singela homenagem, eu desejo que mamãe tenha saúde, e muitos anos de vida para ver essa neta que ela tanto ama crescer e, de certa forma, ganhar o mundo, com a certeza de ter sempre a vovó na “varanda” acenando pra ela, como ela tem feito pra mim e pelo Diogo que, agora também, é conhecido como pai da Stella, cada um dos dias de nossas vidas.
Feliz aniversário, mamãe. Obrigada por ter me transformado numa pessoa fã de TV. Este meu “vício” me trouxe o Hollywood é Aqui, amigos sensacionais, aventuras inesquecíveis. Histórias pra contar e ótimas oportunidades pessoais e profissionais. Eu não teria ido nem à primeira Comic Con em San Diego sem você, e cá estamos na sexta edição (duas no tumblr e quatro no site).
Obrigada a todos que colaboram e acompanham a nossa jornada no site e nas redes sociais nos últimos 4 anos, sou tão feliz e privilegiada em ter vocês na minha vida, como sou feliz e privilegiada em ser filha da minha mãe.
Pra você Stella, que você ame a sua vida, como a vovó te ama, e que sua trajetória seja tão divertida como os seriados, filmes, músicas, bandas, que um dia você escolher ser fã! Um beijo do tamanho da distância que nos separa, mas com um grande amor que nos une, Tia C.
Linda homenagem Claudinha, minha comadre é merecedora.