Por: Luana Mattos
Quando me deparo com uma notícia interessante e potencialmente polêmica na internet eu costumo ler os comentários e discussões que esta notícia gerou, isso me permite enxergá-la por vários ângulos, o ângulo daquele que passou por algo semelhante e mostra seu apoio, ou o ângulo daquele que passou pelo oposto e demonstra indiferença, mas o que realmente me choca é como uma notícia séria vira piada e motivo de chacota para muitas pessoas. E, infelizmente, quando Angelina anunciou a extração dos ovários e trompas de falópio, mais uma medida tomada para evitar o câncer, não foi diferente. O assunto rapidamente se espalhou e virou piada na internet.
Como colunista, eu procuro me manter imparcial e justa na hora de expressar minha opinião, mas é difícil quando o coração fala mais alto quando, assim como a Angelina, eu também tenha perdido uma pessoa amada para o câncer, e tenha acompanhado a luta de minha tia contra a doença. Fazer uma mastectomia, retirar o útero, ovários ou qualquer tecido com presença de câncer ou formação de câncer em potencial é sempre uma decisão difícil em qualquer estágio da doença, é evidente que chegará um ponto aonde a medicina será obrigada a largar o bisturi e ai será cada um por si, uns se voltarão para a fé, outros para as boas energias da família, a questão é: se retirar parte de seu corpo implica em mais anos de vida ao lado de seus entes queridos, sim por que não? Parece-me um preço justo em troca de ver o sorriso de seus familiares e amigos por mais alguns meses ou anos, vocês não acham?
Em minha opinião, Angelina foi mais uma vez corajosa! Após dois anos de sua dupla mastectomia, também preventiva – Câncer de Mama – Compartilhando Esperança – Angelina retorna ao The New York Times para anunciar a decisão de retirar também os ovários e as trompas de falópio, uma decisão que ela planejava já há algum tempo, como ela relata no artigo, “Eu estava planejando isso há algum tempo. É uma cirurgia menos complexa do que a mastectomia, mas seus efeitos são mais graves. Ela coloca a mulher na menopausa forçada. Então, eu estava me preparando fisicamente e emocionalmente, discutindo as opções com os médicos, pesquisando medicina alternativa, e mapeando os meus hormônios para substituição de estrogênio ou progesterona. Mas eu senti que ainda tinha meses para marcar a data”. Mas que teve de ser tomada às pressas já que seu médico demonstrou uma preocupação após ver os resultados do exame de sangue de Angelina. Após ligar para seu marido, Brad Pitt, que estava em um voo na França, Jolie se submeteu à cirurgia, confiante de que havia tomado a decisão certa e que contava com o apoio do marido e da família.
“A coisa bonita sobre esses momentos na vida é que há tanta clareza. Você sabe para o que você vive e o que importa. É polarizador, e é pacífico.”
Assim como Angelina muitas mulheres tomam essa decisão diariamente, seja qual for seu status social ou sua classe econômica, esse procedimento nunca será fácil, nem para quem tem recurso nem para quem recorre ao SUS, retirar partes de nosso corpo que nos definem como mulher pode ser traumatizante, mas eu acredito que é nessa hora que cada mulher lembra-se do que realmente importa, e que o que nos define como mulher vai além da aparência, está no falar, no andar, no agir e no sentir, e é em troca disso que elas lutam para permanecer aqui e marcar a vida daqueles que amam.
Deixo aqui minha mais sincera homenagem a todas essas mulheres, 8 de Março já passou mas todo dia é dia de celebrar a vida e aquelas que a geram!
Confiram a matéria que conta os detalhes da decisão de Angelina Jolie sobre a retirada dos ovários por medo de ter câncer:
http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2015/03/angelina-jolie-retira-ovarios-por-medo-de-cancer.html
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