“Quando eu li o roteiro desse filme, eu pensei, meu Deus, é a história da minha vida. Não é autobiográfico, mas, praticamente, descreve um relacionamento abusivo que eu vivi. Foi uma catarse pra mim participar desse projeto”, disse Anna Kendrick no bate-papo com Paul Feig, o ator, comediante e cineasta, amigo de Anna que fez questão de entrevistá-la nessa sessão privada de seu filme “Alice, Darling”, em LA.
No filme, após ser levada ao seu limite por Simon (Charlie Carrick), seu namorado que abusava psicologicamente dela, Alice redescobre a essência de si mesma e ganha uma nova perspectiva sobre seu relacionamento, durante uma viagem com duas amigas próximas, Tess (Kaniehtiio Horn) e Sophie (Oluwunmi Mosaku). No entanto, a vingança de Simon é tão inevitável quanto devastadora e, uma vez desencadeada, testa sua força, sua coragem e os laços de amizades profundas.
Bom avisar que o filme aciona gatilhos para quem já viveu relacionamentos abusivos, mas é um importante alerta.
Um dos pontos que mais me tocou foi a força da amizade entre Alice, Tess e Sophie. Mexeu bastante comigo a relação entre as melhores amigas. Me emocionei lembrando das minhas amigas da vida no Brasil. Ao assistir ao filme, eu fiz uma viagem a situações difíceis e divertidas que compartilhei com as minhas besties em tantas viagens que, como as personagens, nós fizemos para a casa na serra dos meus pais, ou para a casa de praia de outras amigas. Lembrei de quantas vezes elas me salvaram de mim mesma. Apertou meu coração, ao mesmo tempo senti uma paz imensa por ter essa rede de apoio até hoje. Eu não seria a mulher que sou aos 50 anos, sem meu grupo de amigas. Mas não mesmo.
No filme, Alice se sente da mesma forma, assim como Anna, na vida pessoal e, especialmente, no set de gravação: “rodamos esse filme na pandemia, com muitas restrições, mas foi excelente pois a gente fez a quarentena juntas, eu, Tess e Sophie. Isso contribuiu para nosso trabalho. Elas são tão sensacionais, assim como a nossa equipe, a maioria mulheres. E a nossa diretora maravilhosa Mary Nighy, que deu um show de talento e nos fez sentir tão seguras. Foi um trabalho memorável mesmo”.
Essa foi a estreia de Mary, que também é atriz, como diretora de longa. Ela não pôde comparecer ao evento em LA, mas mandou uma mensagem que assistimos na telona “Espero que gostem do filme. Foi uma honra pra mim ter a chance de contar essa estória que reflete a realidade de tantas mulheres. E a Anna se entregou de corpo e alma a Alice. Agradeço a ela pela confiança e a vocês por assistirem”.
Anna retribuiu o elogio “trabalhar com uma diretora tão sensível e generosa como Mary fez toda a diferença, especialmente nesse projeto. Aliás, ela foi a responsável por promover a união da nossa equipe. Tomamos muitos drinks juntos e trocamos confidências. Impressionante que, praticamente, todas nós já tínhamos vivido relacionamentos abusivos. Ao mesmo tempo que é triste, nossa troca nos mostrou que não estamos sozinhas”.
“Alice, Darling” não é só um filme imperdível, como relevante. E devo dizer que Anna Kendrick não só está excelente como Alice, mas é uma pessoa sensacional. No coquetel, depois da sessão, ela atendeu muitos fãs de todas as idades. Simpática, sorridente e muito solicita, ficou no local mais tempo do que estava programado. Uma fofa da vida.
Foi uma noite deliciosa que, pra mim, incluiu uma saudade boa e uma alegria infinita em saber que mesmo morando em outro país, eu tenho o suporte e o amor das minhas amigas da vida no Brasil, o que torna meus dias desafiadores e momentos vulneráveis, menos doloridos e os dias felizes, ainda mais radiantes.