Confesso que nunca tinha ouvido falar do livro “A Mulher no Lago” quando comecei a assistir a série criada e dirigida por Alma Har’el, de quem sou fã desde o filme “Honey Boy”, na Apple TV.
A minissérie, adaptada do best-seller escrito por Laura Lippman, se passa em meados dos anos 1960, quando um assassinato muda a vida de Madeline Schwartz (Natalie Portman). Até pouco tempo, Maddie estava feliz com a vida de dona de casa, completando quase 20 anos de casada. Contudo, em busca de algo mais significativo em sua vida, ela acaba colaborando com a polícia de Baltimore no caso de uma garota que foi encontrada morta. Por conta disso, ela consegue um trabalho em um jornal local como jornalista investigativa. No novo trabalho, Maddie procura histórias interessantes o suficiente para deixar sua marca no mundo. Ela acaba cruzando o caminho de Cleo Sherwood (Moses Ingram), uma mulher batalhadora e envolvida em muitos projetos, comprometida em avançar a agenda progressista e preta da cidade. Fonte: AdoroCinema
Visualmente a série é belíssima, a trilha sonora é perfeita e o mundo criado em torno da personagem Cleo Sherwood (Moses Ingram), que não existia no livro, foi o maior destaque pra mim. Vários temas relevantes são abordados, incluindo a segregação social, saúde mental e como as mulheres eram tratadas dentro e fora de casa na Baltimore, nos anos 60. Considerando que é a cidade com maior índice de criminalidade até hoje, nos EUA, a minissérie é mais relevante que nunca, como a própria Alma disse no evento promovido pela Apple, em parceria com o IndieWire.
Abaixo, destacamos os melhores momentos do papo, que rolou no Vidiots, meu cinema, locadora e bar favorito da cidade.
“Foi a minha primeira experiência fazendo uma minissérie e, não vou mentir, estou me recuperando até hoje. Eu vim do universo de documentários, videoclipes e cinema independente. Eu estava acostumada com equipes micras e o orçamento sempre apertado. E, nesse projeto, tinham 300 pessoas trabalhando, sets gigantescos, muitos figurantes e figurinos. E, como produtora e diretora, eu interagia com muita gente o tempo todo. A troca de energia era intensa. Mas, ao mesmo tempo que é cansativo pela quantidade de decisões que eu precisava tomar a cada segundo, foi fantástico trocar ideias e criar com um grupo de profissionais tão brilhantes. Foi quase 1 ano de trabalho intenso com eles e viramos mesmo uma grande família.
Para melhorar, foi o primeiro projeto de Natalie para a TV também. E, claro que ela tirou de letra. Uma atriz, produtora e diretora tão talentosa, que trouxe toda a experiência dela para esse trabalho, se dedicou de corpo e alma. Foi uma parceira excelente. Aprendemos e crescemos profissionalmente juntas.
Foi muito bom também ter a chance de expandir o universo do livro e criar o núcleo da Cleo, onde abordamos vários tópicos importantes, deixando a série mais contemporânea. E, mais bonita também, foram meus sets favoritos. Sem contar com o elemento musical que foi sensacional porque, de fato, ajudou a contar a estória.
Esse projeto me demandou bastante. Eu sou uma pessoa tímida, introvertida, e tive que sair da minha bolha, ainda sem ter me recuperado completamente de “Honey Boy”, para assumir tamanha responsabilidade, mas foi um aprendizado em todos os níveis pessoal e profissional. Ainda não tenho outro projeto engatilhado, pretendo descansar um pouco, mas estar aqui hoje, falando com vocês desse trabalho que tanto me orgulho é uma injeção de energia. Obrigada.”
Alma é uma fofa e atendeu aos fãs no coquetel que rolou próximo ao bar, depois da exibição do penúltimo episódio, na telona desse cinema maravilhoso. Foi uma noite tão fantástica, quanto “A Mulher no Lago”, minissérie imperdível.
Todos os episódios já estão disponíveis na Apple TV, no Brasil.
Trailer