A guerra dos streamings: mercado brasileiro tem muita oferta e pacotes pouco atraentes para o consumidor

 

Por: André Cardoso

Antes de mergulhar nas plataformas atuais, uma breve linha do tempo para lembrar de como era o acesso ao conteúdo cultural e de como, nós, amantes do entretenimento, fomos de quase 0 a 100 em termos de opções.

Há muitos e muitos anos, mais precisamente no fim da década de 70, ano esse que marca a história das locadoras de filmes no Brasil, as pessoas tinham o hábito de alugar filmes. Isso era literalmente uma tradição, onde famílias, grupo de amigos, casais iam até as locadoras e escolhiam seus filmes preferidos, entre grandes clássicos produzidos em preto e branco, até as grandes produções coloridas que acabavam de sair do cinema, ou aquelas que eram feitas exclusivamente para locação. Essa também era a forma mais prática de assistir os filmes mais novos que levariam literalmente um ano para serem exibidos na tv.

 

 

Para isso, o cliente cedia seus dados cadastrais e a locadora tinha a carteirinha de sócio, com ela facilitava o controle de onde estava cada filme, além disso grande parte das locadoras ainda ofereciam benefícios para os clientes; – como por exemplo: alugue dois filmes e escolha outro grátis… entre outros.

Os filmes eram armazenados na época em fitas VHS (Vídeo Home System) ou Sistema Doméstico de Vídeo, e eram reproduzidos em um aparelho chamado Vídeo Cassete/VCR, Vídeo Cassete Recorder, o mesmo tinha a função de gravação, ou seja, as pessoas compravam fitas VHS virgens e gravavam seus filmes preferidos que eram exibidos na televisão.

 

 

Tempos depois, na década de 90, os filmes em VHS começaram a ser substituídos pelos famosos DVDs, (Digital Versatile Disc/Digital Video Disc), ou Disco Digital Versátil; – onde dados, arquivos, som e voz são armazenados. A partir dessa era, começa o declínio das locadoras com o enorme avanço da pirataria, onde sites hospedeiros de uma maneira fácil permitiam, e permitem nos dias atuais, os downloads, de uma forma não oficial, dos filmes, séries, programas, shows que ainda estão nos cinemas, ou que ainda não foram distribuídos para exibição.

Mas a história das produções cinematográficas não param por aí, porque, a partir do ano 2000, começa a ser desenvolvida uma nova tecnologia chamada Blu-Ray Disc, um novo formato, mais com a mesma proposta, só que ainda superior em armazenar filmes etc…

O Blu-Ray Disc chega no mercado brasileiro a partir de 2006, e diante das operadoras de televisões pagas já em funcionamento no Brasil e mais tarde em 2011 com a chegada da Netflix, junto com os Dvds, ainda seguem resistindo, graças aos milhares de colecionadores dessas mídias no Brasil.

 

Em 2014, em plena crise econômica brasileira, centenas e centenas de locadoras já tinham fechado as suas portas; muitas que ainda resistem até hoje vendem seus acervos a esses colecionadores e apreciadores dessas mídias.

Como disse anteriormente, a Netflix foi lançada no Brasil em setembro de 2011, e tinha apenas um plano, com uma mensalidade acessível ao bolso do trabalhador brasileiro, (bem diferente dos dias de hoje).

 

 

No mesmo ano nos Estados Unidos, o Hulu passa a disponibilizar conteúdo exclusivo porque até então, lançado oficialmente em 2008, trazia programações televisivas aos espectadores num modelo gratuito e com anúncios. A partir de 2019, a The Walt Disney Company assume o controle operacional do Hulu. Vale lembrar que o serviço não é disponível no Brasil, e que por aqui o Star+ (do grupo Disney), disponibiliza as produções do Hulu.

 

 

A Netflix se torna uma veterana no mercado brasileiro, mas seus concorrentes chegaram nos últimos anos. O próximo a se lançar no mercado foi a Globoplay, em novembro de 2015. Desenvolvida e controlada pela Globo, reúne seu enorme acervo de novelas e inúmeras produções nacionais para toda a família, além de muita jornalismo, ponto alto do conglomerado Globo.

Em dezembro de 2016, um ano depois, a Amazon lançava no Brasil e em mais 200 países, o Amazon Prime Video, também com um preço super convidativo aos bolsos brasileiros e, um catálago bem tímido, mais tarde é renomeada apenas Prime Video. Na verdade, você paga pelo selo Prime, que oferece aos clientes inúmeros beneficios dentro do site da Amazon, como por exemplo, frete grátis e descontos especiais no Dia do Consumidor, então de uma forma “gratuita” você tem direito ao serviço on-demand. Hoje, dentro do Prime Video, você também pode escolher outros serviços de streamings, os conhecidos Prime Channels, claro que pagando a mais por isso.

O Youtube passa a disponibilizar, em setembro de 2018, a opção Premium, oferecendo um plano VIP para os usuários, que permite acesso a programas e filmes, através de compras ou aluguéis, e ao pagar o Premium as propagandas não são exibidas.

 

 

A batalha dos streamings não parou por aí. Mais tarde, em 17 de novembro de 2020, a Disney+ chega no Brasil e em toda a América Latina, e por aqui o preço também não foi tão acessível assim, afinal muitos brasileiros já estavam pagando por três serviços anteriores.

A Apple Tv+, o serviço de streaming da Apple, estreou no fim de 2019.

Em 4 de março de 2021, o serviço Paramount+ é lançado no Brasil e em mais 18 países da América Latina.

O HBO Max chegou ao Brasil em junho de 2021, com três planos e preços a escolha do assinante e, ainda, 50% de desconto vitalício, desde que o titular não alterasse ou cancelasse o serviço.

Alguns meses depois, em setembro, a Discovery+ aterrissava em solo brasileiro, trazendo em seu catálago uma proposta diferente no que se referia à produções: programas de vida selvagem, culinária, documentários, reality shows e muito mais…

Enfim a Disney lança o Star+ em agosto de 2021, dois meses depois do programado, por causa de uma briga com a Starzplay que vinha desde o mês de abril, a Starzplay acreditava que a semelhança entre os nomes iria gerar confusão para os assinantes, houve então um acordo extrajudicial, e a gigante pagou R$ 50 milhões para a rival que, ironicamente, depois passaria a ser chamada de Lionsgate+, no Brasil e em outros países.

Gostaria de lembrar que não citei alguns serviços; Telecine Play, Looke, MGM+, StarzPlay (atualmente Lionsgate/descontinuada no Brasil), entre outros.

Ressalto também que muitos dos serviços fazem partes de planos de TV por assinatura, operadoras de internet, telefonia etc… oferecendo combos com valores mais ou menos simpáticos para os comsumidores.

Enfim, fomos apresentados primeiro à Netflix, e por R$ 15,00 (quinze reais) tínhamos acesso a um mundo inteiro de conteúdo, 100% online. Hoje esse universo de conteúdo à disposição só aumenta com os inúmeros serviços que chegam todo o tempo ao mercado brasileiro, mas aumenta também o seu preço.

O atual valor do salário mínimo é de R$ 1.412,00 (mil quatrocentos e doze reais) e se quisermos ter todos esses serviços on-demand, pagaríamos com certeza mais de R$ 300,00 (trezentos reais) por mês.

No final de 2023, divulgada pela Axios e confirmada pela Variety, mas não confirmada oficialmente pelas companhias, as gigantes Warner Bros. e Paramount Global estariam também negociando um acordo, visando o fortalecimento no streaming, afim de competir com a Netflix e Disney+.

 

 

Como super fã de filmes, séries, reality shows, entre outros, gosto de ter os meus streamings preferidos, mas confesso que, a cada notícia de aumento de preço, fusões de empresas, proibição de compartilhamento de senhas, que começou pela Netflix e que os demais agora estão entrando na moda, isso acaba prejudicando e muito. É hábito do brasileiro compartilhar senhas com familiares, amigos do trabalho, da universidade, com vizinhos, e agora estamos proibidos, a não ser que cada perfil compartilhado pague uma taxa extra que, somada ao total, chegaria quase a duas mensalidades de Netflix por mês. Isso era bem diferente anos atrás como mostra essa imagem.

 

 

No dia 16 de abril, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou o projeto de lei que cria uma cota de conteúdo nacional em serviços de streaming (vídeo sob demanda). A aprovação ocorreu em caráter terminativo, ou seja, sem necessidade de ir ao plenário. A menos que haja algum recurso, o texto segue agora para a Câmara dos Deputados. (Fonte: CNN Brasil

Em fevereiro aconteceu a fusão entre Warner Bros Discovery com a Discovery+, mudando o nome para apenas MAX. Alguns consumidores gostaram e outros não, porque a MAX prometeu disponibilizar todos os conteúdos da Discovery+, e isso não aconteceu ainda em 100%; e mais, o serviço Discovery+ continua disponível no Brasil.

A próxima fusão está prevista para junho entre Disney+ e Star+, sendo que o Star+ terá uma aba Star (sem o plus), dentro do Disney+, mais o ESPN conteúdo esportivo, que é uma aba, atualmente, dentro do Star+.

 

 

Bom, vamos esperar pelos próximos rounds dessa guerra dos streamings, sejam eles bons ou ruins.

 

 

André Cardoso:
Sou estudante de idiomas, apaixonado por música, comandei por mais de 10 anos um programa de rádio de grande audiência, amo filmes, seriados, premiações, assino todos os streamings para não perder nada. Me sigam no insta: @andrepopbr

 

 

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