Não só de filme brasileiro brilhou o AFI Fest. No festival, eu assisti A Verdadeira Dor, uma comédia dramática dirigida e roteirizada pelo indicado ao Oscar Jesse Eisenberg.
O longa conta a história de David (Jesse Eisenberg) e Benji (Kieran Culkin), dois primos incompatíveis que se juntam para uma viagem pela Polônia para homenagear sua amada avó. A aventura sofre uma reviravolta quando antigas tensões dessa estranha dupla ressurgem, tendo como pano de fundo a história de sua família. Fonte: AdoroCinema
Jesse fez um trabalho excepcional no roteiro desse filme. Fiquei impressionada e emocionada como ele abordou assuntos delicados e relevantes como tentativa de suicídio paralelamente ao contexto do holocausto.
A gente acompanha um tour a um campo de concentração pelo olhar de um grupo de turistas descendentes de judeus. Um ponto de vista que eu, que já visitei um campo de concentração na Alemanha, nunca tinha visto em um filme antes, só em documentários.
Mas, ao mesmo tempo que o filme trata de temas tão desafiadores, dolorosos, tem bastante humor. E, contrastando com a tristeza do campo de concentração, e o tormento da trajetória dos personagens, a leveza vem da viagem pelas cidades históricas da ensolarada e belíssima Polônia – o filme é o tour, rodado em externas e locações, entramos nos hotéis, comemos nos restaurantes, acompanhamos as visitas aos pontos turísticos, andamos de avião, trem e van, ideia inteligente que faz toda a diferença. O passeio é tão prazeroso e cheio de curiosidades interessantes que me deixou com água na boca para visitar o país.
A fotografia é linda, mas é a química entre os atores, Jesse e Kieran Culkin, que nos faz embarcar na relação de altos e baixos desses dois primos que são completamente diferentes, ao mesmo tempo, que tem em comum a infância compartilhada na casa da avó.
O elenco é composto por um pequeno grupo de talentosos atores que elevam ainda mais o roteiro e mantém o tom intimista da jornada dos protagonistas.
Independente da sua religião ou procedência, não é difícil se identificar com os personagens do filme e suas trajetórias humanas e imperfeitas, como a vida é. Especialmente naqueles momentos que depois de chegar ao fundo do poço, temos a chance de recomeçar. Porque a mensagem é aproveitar aquela segunda chance que volta e meia ganhamos do destino para reinventar a nossa própria história.
Imperdível conferir o trabalho de Jesse, esse ator, roteirista, diretor e produtor versátil, que depois de interpretar o “Pé Grande”, ao lado de Riley Keough (nossa Daisy Jones) no espetacular “Sasquatch Sunset”, está conquistando corações e membros da Academia (o roteiro está cotado para receber uma indicação ao Oscar) em seu próprio projeto.
Obrigada AFI Fest pela oportunidade de assistir essa obra. E para os fãs ou aqueles que ainda não conferiram “Sasquatch Sunset”, veja abaixo os detalhes sobre o filme sem diálogo, que diz tudo sobre família: