A Different Man aborda a neurofibromatose e traz uma reflexão sobre os padrões impostos à sociedade

Eu admiro muito os atores versáteis que brilham em filmes e séries produzidos por grandes estúdios e serviços de streaming, ao mesmo tempo que mergulham de cabeça, atuando em filmes independentes sobre assuntos relevantes, que não estão no radar dos grandes “players” de Hollywood.

Sebastian Stan está nesse grupo. Os projetos que o ator está promovendo esse ano são pra lá de especiais. Sebastian está entre os favoritos para receber uma indicação ao Oscar, na categoria melhor ator, por sua performance como o jovem Donald Trump, em “O Aprendiz”. Eu tive a honra de assistir ao filme e escrevi uma resenha, sem spoilers, mas contando todo o drama dos bastidores que, cá entre nós, daria outro filme. Confira a matéria no final desse post.

Agora, o outro projeto de Sebastian foi ainda mais especial, “A Different Man” traz para a telona um assunto que, normalmente, não tem espaço em filmes: neurofibromatose. O personagem Oswaldo, é interpretado pelo ator britânico, Adam Pearson, portador da condição.

 

 

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Neurofibromatose (NF) refere-se a um grupo de três condições genéticas distintas nas quais os tumores crescem no sistema nervoso. Os tumores não são cancerosos (benignos) e geralmente envolvem a pele ou os ossos adjacentes. Embora os sintomas sejam frequentemente leves, cada condição apresenta-se de forma diferente.

A causa é uma mutação genética em certos oncogenes. Estes podem ser herdados ou, em cerca de metade dos casos, ocorrer espontaneamente durante o desenvolvimento inicial.

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“A Different Man” é um thriller psicológico, dirigido e roteirizado por Aaron Schimberg, a história foca no aspirante a ator Edward (Sebastian Stan), que sofre de neurofibromatose que se manifesta como uma condição facial desfigurante. Até o momento que Edward decide fazer um procedimento médico radical que transforma de forma completa e drástica a sua aparência. No entanto, o seu novo rosto dos sonhos se torna um grande pesadelo. O que acontece é que, por conta da sua nova aparência, Edward perde o papel que nasceu para interpretar para Oswaldo (Adam Pearson) que, por sinal, também sofre de neurofibromatose. Desolado e sentindo o desespero tomar conta, Edward fica obcecado em recuperar o que foi perdido. Fonte: AdoroCinema

 

 

Esse é um dos filmes mais interessantes e humano que assisti nos último anos. O roteiro nos surpreende a cada segundo, e usa muito bem os pecados capitais, especialmente a ira e a inveja que, nesse caso, sofre as consequências da vaidade.

 

 

O diretor e roteirista, Aaron Schimberg, nasceu com fenda palatina e cita isso como o motivo pelo qual gravita em torno de narrativas que focam em personagens com desfiguração facial, e como o mundo a vê são sua maneira de escrever sobre sua própria experiência.

Esse é um projeto que tem uma importância enorme, já que representa uma parcela da sociedade que é ignorada pelo entretenimento e pela mídia. Quando aparecem, geralmente é em matérias depreciativas. Além disso, a suposta “estranheza” só se torna comum se a população conviver com a diferença e não só os modelos de beleza impostos pela mídia, pelos filmes, séries, comercias e pelas redes sociais.

 

 

O filme é ótimo, mas a mensagem é ainda mais profunda e importante. Infelizmente, eu li relatos de pessoas que se sentiram desconfortáveis e saíram do cinema durante a sessão. Vale uma reflexão sobre o que leva uma pessoa a sair do cinema porque está incomodada com a aparência de um ator/personagem, que reflete a realidade de muitos seres humanos. Eu acredito que essa atitude mostra como a sociedade está cada vez mais superficial, focada na aparência, sem mesmo se dar ao trabalho de conhecer de verdade o outro porque a aparência o incomoda. No caso do filme, quem saiu perdeu a oportunidade de assistir uma obra que é riquíssima e cheia de camadas muito mais profundas do que o rosto dos atores.

Enfim, fica a dica desse filme que vai te ensinar que a aparência não traz felicidade e muito menos permite que você realmente se conecte com você mesmo. Para tal, não importa o seu reflexo no espelho, mas a saúde da sua alma.

 

 

“A Different Man” é uma lição de vida contada por um grupo de profissionais, que incluem o diretor/roteirista e os atores, talentoso, sensível, cuidadoso e dedicado em celebrar as diferenças e educar o público ao mesmo tempo que entretém.

Sebastian Stan é um excelente ator e eu o admiro ainda mais por se dedicar a projetos que realmente fazem a diferença e por ser um nome que leva gente para cinema, sua participação em projetos indies desse gênero é fundamental. Hollywood precisa de mais talentos famosos que sigam esse exemplo.

 

Aqui está porque “O Aprendiz” é imperdível:

 

 

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