Vida Real: Reflexões da Meia-Idade

Começo meu novo ano astral com um papo sincero com o espelho. Aos 52 anos, tirei a venda dos olhos e, pela primeira vez, enxerguei algumas consequências da minha arrogância e da minha vaidade. Hoje, eu tenho consciência das oportunidades profissionais e, as oportunidades de ficar calada, que perdi por conta desses pecados capitais. Tudo graças a uma necessidade, por vezes imbecil, em defender veemente uma opinião, provar que eu estava certa em uma determinada situação ou achar que eu era boa demais para um determinado trampo.

 

 

A raiz da minha arrogância está na bolha privilegiada onde eu morava no Brasil e no conforto financeiro em que fui criada, identifico a minha origem arrogante em muitas das minhas ações e em postagens nas redes sociais. Ter consciência disso não resolve o passado, mas me ajuda a mudar a minha postura no mundo daqui pra frente.

Meus dias de terapeuta de amigos acabaram (vaidade pura!), até porque eu não tenho preparo algum para essa função tão importante. Lembrei da mamãe que me dizia que eu ficava sem paciência com as pessoas, porque eu gostava da versão que eu tinha criado delas, o que me impedia de conhecer quem elas eram de verdade. “Claudia, você tem que respeitar as diferenças, nem todo mundo tem a sua personalidade. Você fala demais, tenha mais cerimônia”. Estou focada em implementar a dica do ombro amigo com cerimônia, e sinto que algumas relações já estão mais saudáveis.

 

Mudar para a terra estrangeira foi uma das melhores decisões que tomei na minha vida. Quinze anos se passaram e cada dia aqui segue sendo um aprendizado. Levo vários sacodes na jornada, quase diariamente, mas nesses momentos percebo como sou vulnerável e sou muito menos experiente e esperta do que eu achava que era. O bom de morar aqui é que sou invisível pro mundo exterior, sim sou só mais uma imigrante latina, mas isso me dá a chance de enxergar de verdade a minha imagem no espelho e a me conhecer melhor.

Eu e minha menina de 16 anos pretendemos seguir nossa abençoada trajetória sonhando e celebrando a vida com leveza, alegria, alto astral, porque essa é a essência da nossa baiana, nascida no Farol da Barra, e criada na Cidade Maravilhosa. E não, gente, 52 não é o novo 42. Pavor disso! Eu gosto dos 5.2 como ele se apresenta, com os calores da menopausa, as ressacas mais longas e reflexões mais conscientes. Avaliar as consequências da minha arrogância e da minha vaidade tem tornado a minha meia-idade mais interessante e mais autêntica. “Amadurecer definitivamente é pra festejar!”

 

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