Deadline Contenders: Painel de Assassinato no Fim do Mundo reacende saudades dos fãs de OA

No evento Deadline Contenders, ao apresentar o painel da série “Assassinato no Fim do Mundo”, o moderador do painel resumiu bem a minissérie na frase “Ágatha Christie encontra o ChatGPT”.

 

 

Criada, escrita, dirigida produzida por Brit Marling (que também atuou e dirigiu) e Zal Batmanglij, gênios que nos deram de presente “OA”, a série cancelada pela Netflix na segunda temporada que terminou em um cliffhanger gigante, deixando nossa seita, como diz Moniquinha, que é fã da série como eu, revoltada e inconformada até hoje. Felizmente, “Assassinato no Fim do Mundo” tem um final que, por sinal, é pra lá de interessante, assim como o enredo.

 

 

Na minissérie, acompanhamos Darby Hart (Emma Corrin), uma detetive amadora que é convidada com mais oito pessoas a um retiro remoto, construído em uma deslumbrante paisagem no meio de grandes montanhas geladas, por Andy (Clive Owen), um recluso bilionário. Revivendo memórias de um passado não tão distante nesse estranho encontro, Hart logo descobre que algo muito suspeito e errado cerca o misterioso retiro. Quando o corpo de um dos convidados é encontrado, a detetive coloca em prática todas as suas habilidades para provar que uma grande conspiração e interesses estão envolvidos neste caso, e encontrar o assassino antes que ele faça outra vítima. Fonte: AdoroCinema

 

 

Casal na vida real, e também parceiros na vida profissional, Brit e Zal são uns amores. No painel sobre a nova série, eles falaram sobre o projeto e ficaram visivelmente emocionados quando o público aplaudiu efusivamente a menção de “OA”.

 

 

Compartilhamos os destaques do papo abaixo.

Sobre a ideia de criar uma série focada na inteligente artificial, antes mesmo da popularidade do termo:

Brit:

“Eu lembro que a gente comentou com alguns amigos, que trabalhavam com tecnologia, que estávamos pensando em criar uma série onde o tema central seria a inteligência artificial, isso há uns 5/6 anos atrás. Eles disseram que ainda estava muito longe de se tornar uma realidade, nos encorajaram a focar em outro universo, falar de Marte, algo assim. Mas nós persistimos e, foi bom, porque de repente explodiu, e quando a série estreou o ChatGPT já era super popular. Valeu a pena arriscar e seguir a nossa ideia inicial.

Inclusive nos tivemos acesso a uma versão teste do ChatGPT, mas ainda era muito precária, péssima, pra falar a verdade. Impressionante como evoluiu no último ano.”

 

 

Sobre a protagonista Emma Corrin que também interpreta a Princesa Diana em “The Crown”:

Zal:

“Olha, o que mais me impressionada em relação à Emma é que ela e Diana são completamente diferentes. Ela realmente incorporou a Diana. Eu achei que depois de 6 meses rodando a nossa série e conhecendo Emma melhor, eu iria assistir ‘The Crown’ e ver características da Emma na Diana, mas isso não aconteceu de forma nenhuma. Foi fenomenal a atuação dela. Assim como ela está genial como Darby, que também não tem nada da Emma e nem da Diana.”

Sobre o gênero:

Zal:

A gente começou a escrever esse roteiro para ser uma fantasia mas, ao longo do processo, fomos mudando e se tornou mais realista do que a gente tinha imaginado inicialmente.

 

 

Sobre as linhas do tempo do roteiro que intercalam passado e presente:

Brit:

“Eu sou super fã de ‘Twin Peaks’, aquele show é sensacional. E eu fiquei pensando porque não transformar a protagonista na detetive da estória. Mas recebemos um feedback que se ela não fosse policial, por exemplo, andasse armada, não teria credibilidade do público mesmo para o cargo. Então resolvemos contar a estória da trajetória da personagem, a relação dela com o pai, a profissão dela e porque era fascinada por esse universo, e porque ela tinha experiência suficiente para entrevistar as pessoas e investigar o caso do assassinato que acontece na série.

E outra coisa que queríamos mostrar era a relação dela com a vítima. Geralmente, nesses casos, existe sempre uma separação entre o detetive e a vítima. E a gente queria mudar isso, humanizar a relação. Com isso, temos mais momentos tristes, que emocionam o público. Ao mesmo tempo, a gente fez questão de colocar suspense e de criar personagens que sentem medo, pânico, ao lidar com um matador em série, por exemplo. Porque é comum vermos os heróis enfrentarem um momento de terror sem se apavorar, e ela fez o oposto, nas cenas do passado. Além de ter dado credibilidade a Darby no presente, deu um tom mais realista a trajetória dos personagens.”

 

Sobre a inspiração para escrever a Darby:

Zal:

“Pra ser sincero, grande inspiração é a Brit mesmo. A Darby é ela. A Brit é muito determinada e eu aprendi com ela que a gente pode criar as oportunidades. Quando nos mudamos pra LA, eu queria ser diretor e ela atriz, e a gente não estava conseguindo avançar com as nossas carreiras. A Brit que disse, ‘vamos para as bibliotecas públicas aprender a escrever roteiro e criar os projetos que vão nos dar a chance de fazer o que queremos’. E foram muitas madrugadas e finais de semana estudando e hoje estamos aqui. Graças à Brit que tem essa autoconfiança. A mesma autoconfiança que a Darby tem na série. Eu conheço muitas mulheres como ela, mas raramente a gente vê personagens na tela que têm essa força, essa determinação. E era muito importante pra Brit e pra mim criar a Darby com essas características.”

Sobre atuar, escrever e dirigir a série:

Brit:

“Eu queria muito dirigir essa série e, por isso, eu tinha que ter mais tempo. Em ‘OA’ eu estava em praticamente todas as cenas, foi muito difícil escrever e atuar o tempo todo. Por isso, dessa vez, foi muito bom interpretar uma personagem coadjuvante, com menos cenas e mais tempo para que eu me dedicasse as outras funções. Sem contar que gosto muito da minha personagem. Acho o arco dela incrível.”

 

 

Sobre o final:

Brit:

“A gente não escreve uma estória se não tem o começo, meio e fim. Inclusive nesse caso, o final veio pra gente e, por isso, resolvemos produzir a série. Porque nós tínhamos outras ideias que gostaríamos de tocar antes, mas como o final veio, nós investimos nessa. Pra gente não tem como escrever um projeto sem saber o final.”

Zal:

Até porque a gente sentiu a dor de criar uma estória que não teve final (se referindo à experiência de ‘OA’.) Agora entregamos tudo.

 

 

Com mais essa menção à injustiçada “OA”, o casal deixa o palco super aplaudido. Eu maratonei super rápido porque estava muito curiosa papara a desvendar o crime. O moderador do painel tem razão, é bem Ágatha Christie mesmo. E, por isso, resolvi não dar spoiler nenhum aqui porque qualquer detalhe pode arruinar a sua experiência. Mas, posso dizer que o elenco é ótimo, Emma está excelente mesmo. A fotografia é linda, assim como a produção de arte. E, mostra o poder da tecnologia que tanto nos amedronta e fascina. Imperdível conferir!

 

 

 

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