FYSee TV Netflix: Encontro com o ícone Lionel Richie na divulgacão de A Noite que Mudou o Pop

Ao longo dos anos em Hollywood, eu tive a chance de ficar frente a frente com muitos, mas muitos dos meus ídolos, mas confesso que encontrar Lionel Richie no painel do documentário da Netflix “A Noite que Mudou o Pop”, acompanhado do diretor, Bao Nguyen, e da produtora, Julia Nottingham, e moderado por Jimmy Kimmel, foi um dos maiores presentes que meu coração de fã já recebeu nos meus 15 anos em LA.

 

 

 

Lembro como se fosse hoje de quando ganhei de presente da mamãe a fita cassete do álbum de Lionel, Can’t Slow Down, que tinha os sucessos All Night Long e Hello. Eu tinha 12 anos e fiquei tão obcecada que levava na bolsa, ouvia no carro, no Walkman, em casa. Lionel foi a trilha sonora do início da minha adolescência. Eu cantava junto, dançava, vivia as canções daquele álbum intensamente. Na era pré-internet, eu comprava revistas com as letras das músicas e matérias sobre o cantor, que era um ícone da minha geração.

Lionel estava no auge de sua carreira, quando explodiu, ainda mais, ao compor com Michael Jackson, o hit “We are the World”. A gravação da música é o tema do documentário que está na corrida para uma indicação ao Emmy Awards e eu me orgulho dizer que vivi a noite que mudou o pop. Obviamente eu não participei da gravação do hit, em janeiro de 1985, em LA, até porque eu ainda morava com meus pais na Tijuca, bairro da zona norte do Rio de Janeiro. Mas eu participei intensamente do fenômeno mundial que foi a música, carro~chefe da campanha USA for Africa, que arrecadou milhões de dólares que foram doados para causas humanitárias, especialmente a fome que, na época, matava muita gente (bom ressaltar que a situação ainda está longe de ser resolvida lá) no continente.

 

 

Fato que “We are the World” explodiu imediatamente, foi um fenômeno. Tocava tanto nas rádios e foi tão badalada pela mídia, que todo mundo sabia a letra. Eu lembro até hoje, e volta e meia eu cantarolo. No documentário, eles mostram o dia que a música tocou em diversos países ao mesmo tempo. Na hora que vi, um filme passou na minha cabeça, eu e meus amigos da escola cantando juntos com o povo pelo mundo afora. Foi um super evento que marcou muito a minha geração. Se não me engano, ainda tenho o single em algum lugar nos guardados na casa dos meus pais.

 

 

O documentário realmente me fez viajar no tempo e reviver boas memórias da minha pré-adolescência. E, no evento da Netflix, eu descobri que o moderador do papo, o apresentador Jimmy Kimmel, que é da minha geração, também foi impactado por “We are the World”, a ponto de ligar para o Lionel sugerindo produzir um documentário sobre aquela noite.

 

 

Compartilho abaixo os destaques do papo que arrancou risos da plateia e revelou segredos dos bastidores dessa noite épica, que não entraram no doc:

Jimmy Kimmel:

“Lembra que eu te liguei porque eu queria produzir esse documentário? Mas, para a minha surpresa, você me disse que vocês já estavam trabalhando nesse projeto. Eu achei que tinha tido uma ideia inédita, mas quem sou eu, vocês já tinham saído na frente e eu adorei resultado, assim como o público, pelo menos eu sei que minha ideia foi boa. Risos”

Lionel:

“Eu lembro quando você me ligou Jimmy. Mas realmente você chegou atrasado – risos – eu já tinha dado o sinal verde para a Julia e o Bao produzirem o documentário.”

 

 

Bao:

“Desculpa, Jimmy, chegamos primeiro – risos – mas não vou mentir, esse projeto deu bastante trabalho porque, apesar da noite ter sido toda gravada na época, parte do material estava perdido, foi uma batalha para resgatar tudo. Nossa sorte é que tínhamos o áudio de toda a noite que o engenheiro de som deixou gravando no estúdio. E foi esse áudio que nos serviu de guia. A partir dele a gente foi correndo atrás das imagens. Foi um processo longo, mas deu certo. Agora, verdade seja dita, o documentário só foi possível mesmo graças ao apoio incondicional do Lionel, sem ele não teria acontecido.”

Julia:

“Sim, verdade. Até porque o Lionel pessoalmente entrou em contato com os ícones que participaram da gravação e, por causa dele, alguns toparam falar com a gente. Sem ele, não teria rolado mesmo.”

Jimmy Kimmel:

“Mas conta pra gente aí quem não topou?”

Lionel:

“Ah, Jimmy, digamos que o importante aqui é quem topou – risos – vou ser sincero, músicos, em geral, são pessoas muito tímidas que se expressam bem compondo, gravando e no palco, mas a maioria do nosso grupo não gosta de dar entrevista e muito menos aparecer em um documentário, eu entendo. Por exemplo, o Bob Dylan não toparia, não é a praia dele e tudo bem. Ele venceu a timidez pra participar da música naquela época, o que eu sei que pra ele era complicado, porque era um ambiente com muita gente, intimidador e não é assim que ele trabalha, mas ele foi nos apoiar de qualquer maneira e e isso é que importa.”

Julia:

“Mas posso te dizer que algumas pessoas, depois que assistiram ao documentário pronto se arrependeram de não ter participado. Isso a gente sabe.”

 

 

Lionel:

“risos, isso é verdade. Só os nomes que seguem em segredo. Mas eu posso te contar uma outra curiosidade, na verdade do meu trabalho com Michael.”

Jimmy Kimmel:

“A gente quer saber tudo!”

Lionel:

“A primeira vez que eu fui na casa do Michael foi justamente para escrever essa música. Eu nunca tinha ido lá antes. Eu sabia que ele tinha os seus bichos de estimação. O chimpanzé participava das nossas sessões. Mas eu lembro um dia de estar lá, sentado com ele, e começar a ouvir o barulho de um chocalho e comentei com o Michael que, com a maior tranquilidade, respondeu que era a cobra de estimação dele que tinha vindo me conhecer, quando eu olhei pro lado dei de cara com a cascavel. Quase morri de susto. O Michael ficou brincando com a cobra, que era família pra ele, respeitei, mas mantive a distância – risos. Tenho lembranças peculiares daqueles dias. Foi inesquecível.”

Jimmy Kimmel:

“Fico pasmo de você não ter saído correndo, porque era o que eu provavelmente faria – risos – Agora o que eu fico mais impressionado é que você apresentou o American Music Awards e foi direto para o estúdio gravar a música. Deve ter sido uma loucura.”

Lionel:

“Nem me fale. Eu lembro da correria, da tensão. Mas foi uma noite muito especial pra mim porque além de apresentar eu ganhei o troféu em algumas categorias. Eu estava feliz, mas ansioso por conta do que faríamos à noite, da gravação. A gente não sabia se ia dar certo, tantas vozes, tantos egos. E ninguém sabia do projeto We are the World e muito menos o que faríamos no estúdio aquela noite. Hoje em dia seria impossível, por conta das redes sociais e também porque os artistas hoje têm um time grande que vai com eles para todos os lugares. Naquela época não era assim. Era mais fácil manter o segredo. O mais engraçado é que eu lembro de chegar em casa na manhã seguinte, aliviado que tinha dado tudo certo. Tinha deixado o Quincy (produtor) em casa, ele também estava feliz com o resultado. Aí, a minha família estava me esperando pra celebrar os prêmios que eu ganhei, e eles queriam saber tudo do American Music Awards, que foi o evento que eles acompanharam. Mas eu só queria falar de We are the World. Eles não deram muita bola, e eu insistia. Mas a ficha deles só caiu mesmo quando a música foi lançada, aí sim eles quiseram saber os detalhes – risos. Sem dúvidas, foi uma das melhores experiências da minha vida e da minha carreira. A ONG existe até hoje e continuamos contribuindo com as causas humanitárias. O melhor de tudo que, por conta do documentário, a música voltou para as paradas de sucesso e voltamos a arrecadar ainda mais por isso. A missão continua um sucesso. Sou muito grato!”

 

 

Julia:

“E a gente é muito grato a você por nos deixar e ajudar a fazer esse documentário, pois hoje um outro público, que nem era nascido em 1985, conheceu os detalhes da Noite que mudou o Pop e virou fã da música e das estrelas que participaram dessa gravação.”

Bao:

“Eu mesmo tinha 2 anos quando isso tudo aconteceu, mas sempre fui fascinado por essa história, tanto que resolvi mergulhar de cabeça nela, pesquisar muito e aqui estou ainda mais fã.”

 

 

Jimmy Kimmel:

“Pois é, vocês chegaram depois, porque já eu vivi essa história. Confesso que esse documentário também me lembrou a minha adolescência, que não foi tão glamourosa, mas tudo bem, dei a volta por cima. Risos!”

Lionel:

“É isso, Jimmy, fico feliz que agora você tenha dado a volta por cima, assim como estou feliz com o resultado desse projeto e com os jovens que têm se interessado por essa noite que marcou a história da pop music e da minha vida.”

E com muitos aplausos o papo acabou e partimos para os drinks e as comidinhas temáticas no mesmo estúdio que já tínhamos visitado antes, no painel de “The Crown”, com Peter Morgan, relembro aqui essa noite que também foi especial:

 

 

E, ainda emocionada com meu encontro com Lionel Richie, seguido de uma balada animada por uma DJ incrível, cruzei na saída com uma das produtoras que deu o depoimento no documentário dizendo que ela queria que a Madonna participasse, mas o outro produtor optou pela Cindy Lauper. Eu não aguentei e agradeci a ela por ter defendido a minha diva mor. Ela riu e disse que até hoje ela acha que a Madonna deveria ter feito parte de We are the World. Uma fofa simpática que também confirmou que Lionel é uma pessoa incrível e que tudo isso só aconteceu porque ele orquestrou. “Lionel sabe lidar com todos os egos muito bem. Ele tem jogo de cintura e foi o elo entre artistas, produtores, equipe, todo mundo gosta dele. Eu o adoro também”.

 

 

 

Nessa vibe, voltei para casa realizada também por saber que meu ídolo é uma pessoa do bem. Sem dúvidas, esse evento foi um daqueles dias que a realidade foi muito, mas muito mais impactante que o sonho.

 

 

A Noite que Mudou o Pop

Em janeiro de 1985, o estúdio Henson Studios, em Los Angeles recebe ícones da música que se reuniram para ajudar no combate à fome na África, marcando para sempre a história da cultura pop em todo o mundo. Deixando as diferenças e egos de lado, o grupo de artistas, liderado por Michael Jackson e Lionel Richie, se juntou para gravar a famosa canção “We Are the World”. Em uma época pré-digital, onde celulares, mensagens e e-mails ainda não eram usados, a logística para organizar e reunir todas essas pessoas foi mais complexa do que o esperado. O documentário A Noite que Mudou o Pop traz imagens inéditas, revelando os bastidores da composição e gravação. Os lendários artistas que estavam presentes (Richie, Bruce Springsteen, Smokey Robinson, Cyndi Lauper, Kenny Loggins, Dionne Warwick e Huey Lewis) revisitam memórias junto à equipe de produção, marcando a história da música. Fonte: AdoroCinema

 

 

 

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