Quando eu soube que minhas duas musas, Lily Gladstone e Riley Keough, iriam protagonizar uma série juntas, já comecei a contar os dias para a estreia de Under The Bridge, que é baseada no livro da aclamada autora Rebecca Godfrey sobre a história real de 1997 de Reena Virk (Vritika Gupta), de quatorze anos, que foi se juntar a amigos em uma festa e nunca mais voltou para casa. Através dos olhos de Godfrey (Riley Keough) e de uma policial local (Lily Gladstone), a série nos leva ao mundo oculto das jovens acusadas do assassinato – revelando verdades surpreendentes sobre o improvável assassino.
E, Under The Bridge, que estreou essa semana já em primeiro lugar na plataforma Hulu, surpreendeu positivamente, superando todas as minhas expectativas.
Para completar a minha felicidade, fiquei frente a frente com Lily – pela primeira vez- com a criadora e produtora executiva da série, Quinn Shepard e o produtor executivo Samir Mehta, no Deadline Contenders, por sinal uma das nossas tradições na temporada de premiações, e um dos nossos eventos favoritos em LA.
Lily Gladstone, Quinn Shepard e Samir Mehta
No papo, Lily conta que apesar de ter contato com Riley nas redes sociais “a gente se seguia no Instagram e trocava DMs” elas se conheceram pessoalmente no set desse projeto “Eu morria de vontade de trabalhar com a Riley há anos e, quando eu soube que além de atuar ela também ia produzir essa série, eu aceitei na hora.”
No vídeo, Lily compartilha ainda mais detalhes de sua relação com Riley, do respeito que tem por ela e como Keough usa seu privilégio para falar de temas relevantes e produzir projetos abrindo as portas para as minorias.
A recíproca é verdadeira, Riley, infelizmente, não estava no Contenders, mas comentou em uma entrevista que também não via a hora de trabalhar com a Lily, “a gente queria trabalhar juntas e essa foi a oportunidade perfeita. Até porque a Rebecca tinha dito para a Quinn (produtora) que queria eu e a Lily na série. Então foi uma honra pra gente participar e realizar o desejo da Rebecca que eu não tive a chance de conhecer pois ela faleceu logo depois que eu fui escalada. Mas, foi importante pra mim saber que a gente estava honrando seu livro como ela imaginava. A gente gravou em British Colombia, onde tudo aconteceu, onde a Rebecca cresceu. Até hoje essa história é muito relevante para os moradores locais, conversamos com pessoas que acompanharam a situação, viviam lá na época. E isso também contribuiu para a construção dos nossos personagens. Essa foi a primeira minissérie que a Félix Culpa (produtora da Riley) produziu. Sem contar que trabalhar com a Lily foi um sonho. Melhor que a gente podia imaginar. E as crianças (como Riley carinhosamente se refere ao elenco jovem) também são sensacionais. Foi um presente!”
Lily concorda que foi um trabalho especial por ter honrado não só a memória de Rebecca, como também da vítima, Reena Virk, pois a série tratou o caso sem sensacionalismo que era fundamental para que ela aceitasse participar do projeto: “A gente tem que ter conversas sobre o sistema e as políticas que permitem que crimes como esse aconteçam. Conversamos com a família da vítima e tudo que eles passaram em relação a imprensa e foi essencial trazer a personagem da Riley, que representou a Rebecca, para a história , como a jornalista que está escrevendo um livro sobre o assunto, tirou o sensacionalismo da situação. Como vemos em muitos casos de “”true crime” tem carreiras de pessoas da mídia que decolam em cima da tragédia da vítima e de sua família. E foi brilhante também a forma como racismo que a família sofreu foi abordado. Foi importante mostrar como a família foi mal tratada e como a vítima foi injustiçada pela polícia, pela mídia e pela população. E esses são os assuntos delicados que precisam ser mostrados mesmo.”
Quinn Shepard, produtora e criadora da série, tinha como objetivo dar a série uma abordagem diferente do que a gente comumente vê em séries desse gênero. Ela conta que era a vontade de Rebecca, com quem conviveu bastante, como contou “A gente passou três anos trabalhando juntas nessa série. Eu mudei para Nova Iorque pra ficar mais perto dela e tive a chance de conhecê-la muito bem. Essa era uma história muito pessoal para a Rebecca porque ela cresceu naquela ilha, em British Colombia, no Canadá, onde tudo aconteceu. Ela era rebelde e punk quando era adolescente, então ela se identificava em muitos aspectos com as crianças. Rebecca trabalhou nesse livro por 7 anos e era próxima das pessoas envolvidas e ela foi muito generosa comigo em compartilhar toda essa paixão que é a base da série.”
Lily Gladstone, Quinn Shepard e Samir Mehta
Quinn também fala da sua experiência trabalhando com esse talentoso elenco “As crianças envolvidas nesse crime tinham 14 anos, eram muito novas. Trabalhar com adolescentes é uma das minhas paixões e foi um sonho dirigir Lily, Riley e também esse grupo jovem, que é incrível. A gente não conseguiria fazer a série sem eles.”
Samir Mehta disse que topou o projeto pois de cara percebeu que a visão da Quinn sobre a série era compatível com a sua e, também, afirmou como foi importante escalar o elenco com a idade certa, ou seja entre 13/14 anos, “Inicialmente eu também não queria fazer mais um seriado de “true crime” ou “quem matou”, mas conversando com a Quinn eu vi que essa não era a intenção dela. A gente estava na mesma página e queria privilegiar a empatia, mesmo numa história que tem sociopatas que nos incomodam, sem sensacionalismo, mas abrindo espaço para discutir temas que queremos evitar, mas só terão solução se conversarmos sobre eles.
Além disso, tivemos a sorte de escalar um elenco realmente jovem. Geralmente são atores de 18 anos, interpretando adolescentes, mas nesse caso nosso elenco tem a idade dos personagens, e isso contribuiu muito para o senso de realidade da história, tornando o enredo ainda mais sensível pois são crianças de fato acusadas de um assassinato. E elas deram um show.”
Os dois episódios que assisti de Under The Bridge foram excepcionais e já demonstram que os produtores reinventaram o gênero, especialmente em relação a vítima que está presente em todos os episódios, assim como sua família. Além de provocarem discussões que nos fazem pensar em quais são os reais fatores que contribuem para que tragédias como essa continuem acontecendo. Não isentando a responsabilidade da sociedade como um todo. Mais que uma série bem escrita e bem feita, essa é uma série que nos faz refletir sobre várias questões importantes, como as consequências do bullying e o que leva uma criança a praticar o bullying a ponto de cometer um crime.
Entretenimento e reflexão, a combinação que é tão necessária e perfeita como a dupla Riley Keough e Lily Gladstone que vai estar no Met Gala, em NY, em maio. So sei que seguirei acompanhando minhas musas inspiradoras e revolucionárias, como seguirei devorando todos os episódios de Under The Bridge, disponíveis todas as quartas no Hulu.Imperdível conferir!