Não basta ter talento, é preciso fazer campanha para levar o Oscar

Muita gente não sabe, mas para concorrer a uma estatueta é preciso fazer muita campanha, tem assessores de imprensa especializados em ajudar os estúdios e atores na “campanha do Oscar”, que é comparada a uma campanha política. Alguns fãs de cinema se decepcionam ao saberem disso, mas para Hollywood a arte de fazer filmes é mais que uma diversão, é um negócio, e como todo business gera milhões de dólares e com isso é preciso ter as suas compensações financeiras. O Oscar é uma forma da indústria reconhecer não só o talento do artista, mas saber quem ele é, mostrar para o mundo quais as pessoas que estão por trás daquele projeto e desta forma, tanto a pessoa premiada, como aqueles que financiam o filme saem ganhando pessoal e financeiramente.

Se pensarmos pelo lado prático, a campanha faz bastante sentido, a Academia tem mais de 5.000 mil membros, e centenas de filmes de baixo orçamento e de estúdio são produzidos anualmente em Los Angeles. Sem contar que milhões de pessoas, de diferentes setores do entretenimento, estão aqui em busca de uma oportunidade de realizar seu sonho de ser super star, mas para que isso aconteça é preciso que os membros da Academia, aqueles efetivamente votam, assistam seu filme e saibam quem você é. Desta forma, fica fácil entender porque a campanha é parte integrante e essencial deste processo.

A corrida para o Oscar é longa, começa no prestigiado festival de cinema em Toronto, no Canadá, em outubro, e percorre muitos tapetes até a noite mágica onde as estatuetas são distribuídas. E se você quiser fazer parte da festa, tem que estar presente e mostrar que realmente está interessado naquela oportunidade. É importante destacar que uma ma atuação, um filme ruim, e um roteiro sem sentido mesmo com o melhor assessor de imprensa do mundo não vão entrar na corrida, aliás um assessor sério e competente não vai topar nunca trabalhar com um projeto que não seja excepcional, porque ele mesmo não vai queimar seu próprio filme nesta seletiva indústria do entretenimento.

Agora é fato que um filme, ator e roteiro podem ser excelentes, mas sem uma campanha eficaz não serão notados. Até porque os membros da Academia normalmente não assistem a todos os filmes, é preciso ter uma estratégia eficaz para convencê-los que o seu vale a pena. Anúncios pagos na TV aberta e especialmente a cabo, em revistas e jornais famosos e direcionados ao entretenimento, além de outdoors de seu filme pelas principais capitais do país, ajuda, mas não é tudo. Seja você produtor, ator, diretor, editor, roteirista, famoso ou iniciante, é necessário aparecer pessoalmente. Mas é uma arte, chamar atenção, sem exagerar. Se mostrar, sem incomodar.

Algumas dicas dos assessores de imprensa especializados em campanhas bem-sucedidas incluem:

Estar presente em todas as cerimônias organizadas pela Academia e associações de críticos de cinema, assim como ir a todos os festivais (Cannes, Toronto, Berlim, especialmente) e dar o máximo de entrevistas que puder nos “talk-shows” mais famosos dos EUA, como David Letterman, Ellen, The Tonight Show, com Jimmy Fallon e Jimmy Kimmel, além dos jornais e revistas mais prestigiados, como Vanity Fair, The Hollywood Reporter, New York Times, LA Times. Ir a première dos seus filmes e até prestigiar alguns filmes chaves dos amigos, pode ajudar. Não perder nenhuma premiação (Globo de Ouro, SAG – prêmio do Sindicato dos Atores dos EUA), o tapete vermelho em qualquer ocasião é uma ótima exposição na corrida. E qualquer prêmio que você ganhe antes da noite do Oscar, preste atenção no seu discurso, pois ele pode ajudar aos membros da Academia a lembrarem de você.

Neste quesito, Jennifer Lawrence, nossa Jlaw, se tornou inesquecível. Em Hollywood não há uma pessoa envolvida direta ou indiretamente com o entretenimento que não a conheça e não ache o jeito dela divertido.

Para “O Lado Bom da Vida” (“Silver Linings Playbook”) Jennifer participou ativamente da campanha do filme e sua própria. O seu talento e a estratégia lhe renderam o Oscar. No ano seguinte, Lawrence estava super ocupada com trabalho e não teve tempo de participar da campanha do seu segundo filme com O. Russell, “A Trapaça” (“American Hustle”), ainda assim ela foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Quem levou foi Lupita, mas Jen é uma das atrizes mais jovens indicadas duas vezes seguidas (ela tem um total de 3 indicações, a primeira por “Inverno da Alma) já sabe que ela tem menos trabalho na corrida agora. Ainda assim Jen, como Meryl Streep, que faz menos campanha que outros, sabe que tem que frequentar os eventos mais importantes da Awards Season.

Alguns atores se recusam a participar da campanha, e mesmo assim já levaram a estatueta pra casa, como é o caso de Sean Penn, mas para tal é preciso já ser consagradíssimo e fazer parte da lista de exceções da Academia, que com o passar do tempo está cada vez mais restrita.

Este ano, a melhor campanha eleita pela indústria foi de Jennifer Aniston. Apesar de não ter lhe rendido uma indicação para o Oscar, a atriz participou ativamente da Awards Season, e foi indicada ao Golden Globes e SAG Awards, por sua performance no filme “Cake”, o que foi considerado um passo a frente na sua carreira.

 

Outra campanha muito bem-sucedida foi do ator britânico Eddie Redmayne, que ganhou o Oscar de melhor ator por seu papel no filme “A Teoria de Tudo”.

Isso não quer dizer que a atuação dele não tenha sido brilhante, sim foi, assim como Jennifer Lawrence é sempre incrível e Meryl Streep é uma das lendas do cinema, mas como em qualquer profissão, não basta ter talento é preciso batalhar e correr atrás das suas conquistas, com classe e sabedoria, e um bom assessor de imprensa ou conselheiro para te dar as dicas de estar no lugar certo, na hora certa! É um desafio, mas com garra, a gente chega lá!

Estivemos nos bastidores do Oscar, e revelamos mais alguns segredos do tapete vermelho do Oscar para vocês! Imperdível: