Por: Camila Sá
Um dos filmes teen mais conhecidos completa dez anos em 2014. “Meninas Malvadas”, protagonizado por Lindsay Lohan venceu três, das quatro indicações, no MTV Movie Awards em 2005, além de conquistar os corações de mais uma geração que cresceu com os olhos em uma estrela da Disney. A história retrata o clichê americano: as garotas populares X os outros grupos (nerds, atletas, esquisitos…), um cenário já antes e sempre retratado nos filmes adolescentes. No entanto, o elemento surpresa é Cady Heron (Lindsay Lohan), uma aluna que morava na África com os pais e sempre foi educada em casa. Ao ser convidada para se sentar e fazer parte das “The Plastics”, os primeiros amigos que a garota fez na escola, Damian (Daniel Franzese) e Janis Ian (Lizzy Caplan) sugerem que Cady espione Regina George (Rachel McAdams). O que se torna uma vingança, depois que Regina decepciona Cady com seu primeiro interesse amoroso.
Ela arduamente sobrevive ao primeiro dia de escola, diga-se de passagem uma selva, como várias vezes é comparado no filme. Inclusive, é uma perspectiva interessante da, até então, mocinha de ver as coisas. Ela compara não só o ambiente mas também as pessoas com a selva e os animais, embora os humanos se utilizem de outros artifícios, ainda que agressivos, menos sinceros e não tão explícitos para conseguir o que querem. Com a fofoca, já que esse é o universo escolar e majoritariamente feminino, e a mentira. Isso sem falar no bullying e racismo que são utilizados com frequência.
É interessante observar que a medida que Cady cria malícia e aprende a ter jogo de cintura com as “The Plastics”, suas expressões tornam-se mais cínicas e sensuais gradativamente, sendo naturalmente transferidas para as roupas e aparência. Em poucos meses, a garota da África educada pelos pais some, dando espaço a mais uma “plástica”, que, com a desculpa de derrubar Regina George junto com os amigos, torna-se exatamente o que inicialmente iria combater.
Ela trai a educação dos pais, a amizade dos dois amigos e até mesmo das meninas populares, que parecem tê-la aceitado pelo fato de Cady ser novidade na escola. Cady Heron se transforma no centro das atenções por ter sido uma pessoa sem escrúpulos e sem respeito com ninguém, se esquecendo que Regina George já desenvolvia aquele papel muito bem e há mais tempo. É quando a mocinha cai em si e vê o quão fundo pode chegar ao priorizar outros valores. Comentei no início que o ambiente era clichê, mas a história que se desenvolve mostra situações que acontecem, não exatamente da mesma forma, mas com a riqueza de detalhes, expondo a que ponto asa coisas podem ser cruéis na escola. Mesmo após 10 anos, aquela realidade ainda existe.
