“Cada um pensa como pode”, essa frase do poeta Mario Quintana tem um significado muito mais amplo do que parece. Na verdade, nós seres humanos tendemos a reagir negativamente e até agressivamente quando não concordamos com alguma palavra, conceito ou comportamento. Julgamos e criticamos severamente o próximo. Eu mesma já fiz isso várias vezes. E, infelizmente, magoei pessoas que eu amava.
Precisamos muitas vezes contar até mil para não explodir a uma ideia contrária a nossa. Tem pessoas que fazem isso com facilidade e outras, como eu, que têm que ter cuidado com o que falam, pois não tem um filtro apurado. Isso tudo é humano e está relacionado a nossa personalidade.
Agir por impulso, acontece mais do que gostaríamos, quando estamos entre a familia e os amigos, é chato, mas como são pessoas do nosso convívio temos a chance de nos desculpar e pelo amor que eles sentem por nós, geralmente, seremos perdoados. Não que o erro deva ser repetido, mas pode ser contornado.
Já agir de forma grosseira, preconceituosa e mal educada nas redes sociais é um outro cenário. Eu sou a favor da liberdade de expressão e de imprensa. Nasci e cresci na ditadura militar no Brasil e sei como a censura prejudicou a nossa sociedade. Por isso, acho fascinante o avanço da tecnologia e a possibilidade que ela nos dá de falar o que pensamos, ter acesso à informações de tudo que acontece no mundo, ser um canal com os nossos ídolos. É um universo incrível que traz muitas vantagens e nos aproxima, o mundo hoje é menor e as redes sociais têm uma grande responsabilidade nisso já que podemos nos comunicar com um custo muito baixo com pessoas que vivem a milhas de distância.
Porém tenho observado que uma parcela grande da sociedade, incluindo os maduros, tem um comportamento explosivo, arrogante e extremamente grosseiro nas redes sociais. Discordar de uma ideia é humano e expor a sua opinião é saudável. Mas escrever palavrões, xingar, magoar, e falar com um desconhecido com a propriedade de estar falando com seu BFF não é apropriado. Uma celebridade fez a opção de ter a sua vida pública, ok, é a consequência de seu trabalho, mas isso não dá o direito a estranhos postarem comentários maldosos na pãagina do famoso. Muito menos, exercerem seus preconceitos com a pessoa só porque ela é pública. Isso é bullying.
Se você não concorda com algo que leu no Twitter, no Facebook, ou uma imagem do Instagram, um video do Youtube, argumente com classe e demonstre quão inteligente você é. Não escreva meia dúzia de palavrões. Sei que é humano julgar e mais ainda querer virar a mesa, mas aproveite que você está escrevendo e PENSE primeiro. Controle seus instintos e reaja sim, mas saia por cima.
E se você precisar de um motivo mais importante do que a própria educação, lembre-se que todas as empresas hoje em dia estão pesquisando as redes sociais de um candidato a estágio ou emprego antes de contratá-lo. Ou seja, se você é da turma dos “sem filtro” e tem dificuldades em expressar a sua opinião sem agredir o próximo, leve em consideração que isso pode atrapalhar sua carreira.
Quem sonha em um dia trabalhar nos EUA, tem que ter o dobro de precaução com o uso das redes sociais, aqui eles verificam suas contas antes mesmo de lhe convocar para uma entrevista.
Com isso, a nossa dica é: discordou, sem problemas, mas conte até mil, lembre de Mario Quintana, e faca o exercicio de responder sim, mas escrevendo com cuidado. Não porque você ama o destinatário da mensagem, mas porque você eventualmente vai querer ser respeitado profissionalmente, e seu comportamento de hoje pode valer o seu salário de amanhã. E isso sim, diz respeito a você!
Falou, Claudia. Discordar, mas com limite e esse limite é a boa educação.