Por: Claudia Ciuffo
Eu sou uma apaixonada pelo cinema independente e assisto muitos filmes que contam estórias/histórias humanas, mas “The Peanut Butter Falcon” vai além de um roteiro, atuações e uma fotografia brilhantes. É um filme que me encheu de esperança. Em um mundo que anda nas escuras, com tantos acontecimentos tristes, dá um certo alívio e uma injeção de energia acompanhar as aventuras de Zak, Tyler e Eleanor, os três personagens deste estória simples, que alterna momentos super engraçados com outros profundamente emocionantes, falando verdades que não costumamos escutar no cinema e nos dando uma lição que não importa os obstáculos e desafios da caminhada, se a gente não desistir, a gente chega lá.
Você pode estar imaginando que o filme é clichê mas, muito pelo contrário, graças ao carisma de seu protagonista, Zachary Gottsagen, que sonhava em atuar, mas enfrentava dificuldades em encontrar um projeto que celebrasse as pessoas como ele, com Síndrome de Down, teve uma ideia que não só mudou a sua vida, como a minha e de todos que assistirem seu trabalho na telona. Zack é amigo dos diretores Tyler Nilson e Mike Schwartz, que os conheceu em um acampamento de verão, e foi ele quem propôs aos dois escrever um filme para ele, que é fã de luta livre. E assim nasceu “The Peanut Butter Falcon”, uma história de aventura, ambientada no mundo moderno do escritor norte-americano Mark Twain, que começa quando Zak (Zachary Gottsagen), um jovem com Síndrome de Down, foge de uma casa de repouso onde vive para perseguir seu sonho de se tornar um lutador profissional, frequentando a escola de luta livre de The Salt Water Redneck. Logo no início da sua aventura, Zak se depara com Tyler (Shia LaBeouf), um rapaz ‘fora-da-lei” em fuga, que torna-se seu treinador e aliado. Juntos, eles atravessam montanhas, escapam dos inimigos, bebem uísque, encontram Deus, pescam e convencem Eleanor (Dakota Johnson), funcionária da casa de repouso, a se juntar a eles em sua jornada.
Em sua estreia no cinema, Zack rouba a cena, e ao entrar para o Q&A, acompanhado dos diretores e de Shia, ele foi aplaudido de pé na estreia mundial do filme no SXSW, em Austin, semana passada. Meu coração explodiu de felicidade por ter a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, e compartilhar do seu alto-astral ao vivo e a cores.
Uma pena que Dakota Johnson não pôde participar do bate-papo, por conta de outros compromissos profissionais. Mas devo dizer que ela arrasou no filme, talentosa e linda como sempre. Mas o que eu realmente admiro em Dakota foi ela ter topado fazer parte deste projeto. Muitas atrizes da sua idade, e com a sua fama, não embarcariam num filme indie como este. Mas ela não fugiu a luta e mergulhou de cabeça. Me lembrou até “Chloe&Theo”, um dos seus filmes que eu mais gosto e que ela fez antes de virar superstar. Bacana ver que Dakota continua com a mesma essência e bom gosto na escolha dos filmes que participa.
Shia LaBeouf deu um show na tela também. Ele e Zack ficaram muito amigos na vida real. Durante o Q&A, Shia relembrou o episódio que aconteceu durante as filmagens. Como alguns devem lembrar, Shia bebeu e foi preso (circulou pelas redes um video dele xingando os policiais), tendo que voltar a trabalhar no set no dia seguinte, com um climão, e foi Zack, seu parceiro, que lhe salvou. Como ele mesmo disse com lágrimas nos olhos: “esse rapaz é 100% verdade e sinceridade. Tudo que eu precisava naquele momento da minha vida. O mérito é todo dele”. E Zack, que estava ao seu lado, não só concordou como afirmou que ele que mudou a vida de Shia pra melhor, arrancando aplausos e risos da plateia entusiasmada.
Aí vocês imaginam, se eu já tinha me apaixonado pela relação dos dois personagens, chorei de verdade ao ver o carinho entre os dois atores. São momentos assim que fazem os festivais de cinema serem tão especiais, mais do que assistir a estreia do filme, é participar dos primeiros momentos em que os atores se reencontram e falam com amor de seu trabalho, enquanto compartilham histórias dos bastidores.
Foi tão inesquecível, que “The Peanut Butter Falcon” ganhou o prêmio de melhor filme eleito pelo público que estava na mesma sessão que eu no SXSW. Estou feliz e orgulhosa que meu voto fez parte dessa merecida vitória.
O filme estreia ainda este ano nos EUA e, provavelmente, no Brasil também. Mal posso esperar para vocês assisti-lo e surtarem comigo. Eu certamente vou ver de novo, assim que entrar no circuito, porque vai ser sempre um prazer encontrar Zach/Zak, novamente.