The Bold Type: Série traz relações femininas no mundo da moda em NY

Por: Claudia Ciuffo

Quando assisti o primeiro episódio da nova série do canal Freeform, “The Bold Type”, antes de entrevistar as criadoras e o elenco no ATX Festival, e vi que Demi Lovato era a capa da revista que serve de cenário para a estória, pensei na hora: gente este seriado será um sucesso absoluto no Brasil, os meus lovatics vão surtar de felicidade.

E, obviamente eu conversei sobre isso com Sarah Watson, criadora da série (e de “Parenthood”, outra grande paixão da minha vida) e Holly Whidden, produtora, que foi editora da revista Cosmopolitan. A experiência de Holly serviu de inspiração para “The Bold Type”, que conta a história de três amigas na faixa dos 25 anos, que trabalham na Scarlet Magazine, um periódico renomado focado em estilo de vida, em Nova York. Jane (Katie Stevens) foi recentemente promovida à redatora da revista. Mesmo sendo tão apaixonada pelo que faz e determinada a ter sucesso, Jane por vezes hesita perante os desafios da vida na cidade grande. Por sorte ela conta com a ajuda da amiga Kat (Aisha Dee), a diretora de mídia social da empresa, que é destemida e ousada. Sutton (Meghann Fahy) é a última das três a ocupar o cargo de assistente, mesmo sempre trabalhando até a exaustão. Pelo menos o trabalho lhe distrai do segredo que precisa esconder das amigas.

As três trabalham sob a guarda da editora chefe Jacqueline (Melora Hardin), que comanda a revista equilibrando dureza e cuidado com suas subordinadas. Elas dividem a redação com Alex (Matt Ward), que só aceitou o emprego depois de perder a vaga dos sonhos em outra publicação, e Richard (Sam Page), um membro do conselho diretor e advogado da revista – e conquistador.

Tive o prazer de conversar com Katie, Aisha e Melora em Austin. Falamos sobre a importância dos temas, como sexualidade, o papel da mulher na sociedade, política e meio ambiente, que a série vai abordar, as esperadas e bem-vindas comparações com Sex & The City, a amizade sincera entre as personagens principais, e a chefe que não é diabólica, mas uma mentora para as suas pupilas. A redação da Scarlet Magazine, segundo Sarah Watson, é tudo que Demi Lovato é. Sincera, autêntica e Confident, música da Deusa que a criadora de “The Bold Type” nos contou que escuta sem parar.

A série promete conquistar o corações dos fãs pelo mundo afora, que como a minha entrevista já começou bem, quando eu disse que era do Brasil, Katie Stevens, a intérprete de Jane, uma das protagonistas, começou a falar em português comigo. Sua família é de Portugal e ela tem primos e tios que moram em Campinas e em Santos. Ainda não teve oportunidade de visitar nosso país, mas pretende fazer isso em breve, quem sabe pra um show de Demi Deusa, de quem também é fã e tem uma tatuagem de pássaros parecida com a de nossa Diva.

 

 

Confiram nosso bate-papo completo e fiquem ligados em The Bold Type, que estreia amanha, dia 11 de julho, no canal Freeform nos EUA.

Katie Stevens (KS) , que interpreta a Jane, Aisha Dee (AD), a divertida, talentosa e ousada Kat e Melora Hardin (MH), que é a chefe, mentora, poderosa, Jacqueline.

Eu assisti o piloto da série e adorei, todos os seus personagens usam roupas incríveis. Conte pra gente, o figurino da primeira temporada será todo glamouroso como no primeiro episódio?

AD: Com certeza! Nós temos um figurinista muito talentoso, Frank, que nos vestiu com roupas e acessórios belíssimos. A maioria das roupas que usei foram Gucci e Dior. Se você gosta de moda, você vai amar esta série.

KS: Eu vou ser honesta, Frank é excelente, mas eu perguntei a ele como Jane poderia bancar essas roupas? E ele disse, ela só está pegando as roupas e sapatos emprestados no closet da revista. risos

MH: Às vezes eu me pergunto como um jovem de 20 e poucos anos morando em NY consegue pagar todas as despesas, mas acontece nesta série.

KS: A parte divertida do show é mostrar o glamour das roupas, cabelo e maquiagem, mas nos também estamos falando de assuntos sérios que envolvem as mulheres, e procuramos abordar temas importantes de forma que as jovens e adolescentes possam ver, entender e se identificar tanto com o lado glamouroso quanto com as as mensagens sérias que queremos transmitir.

MH: Uma outra coisa que estou muito empolgada em relação à série é que interpreto uma personagem que esta na posição de poder que não é autoritária, ela é mais uma mentora para as meninas, está ali para ensinar e compartilhar a sua própria experiência, dentro daquele universo glamouroso, mas que lida com problemas da vida real.

Foi isso que eu gostei no piloto, porque as meninas são melhores amigas, parceiras, mesmo trabalhando no competitivo mundo da moda, como vocês se sentem em relação a esses personagens, que mensagem vocês conseguem tirar delas?

KS: O que me chamou atenção neste roteiro, e nesta série, é que nele as mulheres se ajudam, enquanto em outros seriados a relação entre as mulheres é dramática. Eles mostram amizades em que uma das personagens fala mal da outra. Minhas amigas da vida não são assim, elas estão sempre lá pra me apoiar no que eu precisar. É engraçado que no universo feminino as mulheres são ensinadas desde cedo a competirem entre si e não precisa ser assim, devemos mesmo elogiar umas as outras. Se eu vejo alguém que eu acho bonita, eu chego e falo pra pessoa. Eu espero que o nosso show faca isso para outras mulheres, que as inspirem a serem autênticas e diferentes e, mais importante, conscientizem as mulheres que podem ser bem-sucedidas e grandes amigas também.

MH: Eu tenho uma filha, então é um exemplo legal pra ela ver que uma outra mulher pode te dar apoio. O interessante da minha personagem é que você espera que ela não tenha coração, mas no fim você vê que ela tem. Ela é uma mãezona pra todas as meninas, uma chefe parceira e não uma víbora. É importante para a minha filha adolescente ver que isso existe, que um ambiente de trabalho, mesmo no mundo da moda, pode ser alto astral e, mais importante, saudável, não nocivo.

AD: Eu tenho uma irmã de 8 anos que começou a falar do corpo, quer usar maquiagem. Eu falei pra ela: “sossega, você não precisa disso ainda, aproveita sua infância”, mas eu acho muito bom estar numa série que aborda os assuntos do universo feminino. Ela poderá ver algumas partes, não tudo, mas acho que será uma boa influência para ela e para as amigas.

MH: Quantas de vocês têm amigas mulheres maravilhosas? É uma questão de redefinir a conversa que nós temos o tempo todo sobre feminismo, e trabalhar junto é ajudar umas as outras.

KS: Nós temos alguns homens incríveis na série que complementam e compartilham das nossas ideias o que é incrível. Aliás, o marido da Melora, na vida real, faz o papel de marido dela na série também. Uma grande família!

Como a história se passa na redação de uma famosa revista de moda, eu acho que a comparação mais comum que as pessoas vão fazer é com o filme “O Diabo Veste Prada”. O que vocês acham dessa ideia?

KS: Eu acho que pode acontecer sim porque é um show que, como você disse, se passa na redação de uma revista, mas me lembra mais “Sex & The City” que era protagonizada por mulheres fortes, na faixa dos 30 anos, em NY. Na nossa série, estamos na faixa dos 20, “os anos mais bagunçados” da nossa vida, quando estamos tentando nos acertar com trabalho, relacionamentos, sexualidade. Entãao eu gosto de comparar mais com o SATC porque as personagens são muito bem definidas, mas, vamos ver o que o público vai achar, só posso torcer para que todos gostem.

MH: Tem uma pequena comparação com SATC, mas eu também acho que tem um pouco de Charlie’s Angels. Eu adoro a série, eu acho que é bem moderna no sentido de pessoas nos seus 20-30 anos trabalham em lugares que incluem mídias sociais, mensagem de texto e internet, no nosso seriado a tecnologia foi incorporada de forma atuante. É quase um personagem. E eu também adoro o fato de que a série e sobre 3 mulheres fortes e complicadas, bonitas e talentosas que estão tentando achar seu caminho, e se espelham na Jacqueline para trilharem sua jornada.

AD: E, eu tenho 2 irmãos, um com 21 anos e outro com 18 que estão super empolgados com a série. Eles assistiam “Gossip Girl”, só não falavam pra ninguém que assistiam. O show e para todos, não importa qual seja seu partido, sua idade, sua religião, o que queremos é qualidade em todos os sentidos. A mensagem da série é para sermos fiéis a nós mesmos e fazermos o nosso melhor.

Melora, essa é a terceira série que você faz que tem personagens femininas fortes. Esses são os tipos de papéis que você gosta de criar, procura, ou que por acaso caem nas suas mãos?

MH: Eu acho que tem um pouco de tudo. Eu gosto de fazer papéis fortes. Esta, em especial, eu gostei porque nós precisamos ver na TV mais mulheres em posição de poder, geralmente mulher no poder na TV é sinônimo de pessoa ruim e na nossa série não é assim. Homens no poder são bem representados, com charme, mas as mulheres não, então eu gostei muito deste roteiro por ter esta abordagem, ela está no poder e é legal, amiga, parceira e confiável.

No final do episódio piloto, vocês gritam para cidade de NY. No dia a dia, o que vocês fazem para aliviar o stress?

KS: A minha válvula de escape é relacionada à comida e bebida. Eu compro um pote de sorvete e uma garrafa de vinho, e fico junto com o meu cachorro e assisto uns filmes tristes ou filmes da Disney.

AD: Eu adoro meditar, comecei a praticar na Inglaterra. Eu fiz uma cirurgia há uns 2 anos e antes da cirurgia alguém me disse pra meditar que ajudaria na recuperação, então eu medito.

Nós estamos num festival de TV (o ATX FESTIVAL, em Austin, Texas), que seriados vocês recomendariam pra gente assistir atualmente?

AD: “Fleabag”.

KS: Obviamente, “This Is Us” e “Westworld” são os meus 2 seriados favoritos desse ano e “Game of Thrones” está voltando, estou muito animada também. Eu comecei assistir quando estava na 3a temporada e agora acompanho com todo mundo, mas o duro de ser fã de GoT é que temos que esperar 1 ano pela nova temporada.

MH: Foi como eu assisti “Downton Abbey”, assisti as 5 temporadas em 3 semanas.

AD: Mas, a partir do dia 11 de julho, a nossa dica é que todos assistam e amem e façam maratona de “The Bold Type”…risos!

Acho que assim é uma ótima maneira de terminarmos a entrevista. Obrigada!!!

Entrevista com Sarah Watson, criadora da série e a produtora executiva Holly Whidden

A série se passa em NY com direito a todos os prós e contras que a cidade tem, o quão importante foi pra vc manter a autenticidade da vida em Manhattan e a fantasia de uma jovem de 20 e poucos anos que pode usar Gucci, que é um sonho de todas as jovens, mas não exatamente realidade?

SW: A autenticidade foi muito importante pois elas não podem comprar sapatos de luxo, mas podem ir no closet da revista e pegar emprestado. Essa é a oportunidade das jovens de vivenciar este universo luxuoso quando trabalham numa revista de moda, e quando nos conversamos sobre a ideia da série com a Holly, que trabalhava na Cosmopolitan, ela mesmo nos disse que essa é a rotina dos jovens que trabalham lá, eles vão nessas festas e eventos exclusivos, bebem o champanhe mais caro, e aí voltam pro seu apartamento simples e pequeno. A série é mais realista do que pode parecer.

Como vocês embarcaram neste projeto?

HW: Eu trabalhava na Cosmopolitan na época, e agora eu dirijo a área de entretenimento em outra revista. Na época eu estava com a equipe da Cosmo inteira em LA gravando uma campanha com a Katy Perry. E toda vez que estou em LA, eu ligo pros amigos pra ir jantar. Num desses jantares estava com um produtor e ele sentou do meu lado, começamos a conversar e eu contei um pouco do meu dia a dia para ele, e ele disse, isso é um seriado de TV. Algumas semanas depois ele me procurou e começamos a desenvolver a série.

SW: Eu estava fazendo reuniões com produtores diferentes para ver quais projetos eles tinham quando conversei com David e ele me falou desse projeto com a Cosmo e eu disse na hora que queria fazer parte porque eu amo esse ambiente, é um mundo de fantasia. Eu falei com eles no telefone e ai voei para NY para fazer uma reunião com a Holly pessoalmente. Eu me inseri nesse mundo. A primeira coisa que eu disse foi que queria ver o armário de sapatos, risos. Eu acho o universo da moda muito fascinante mesmo e por isso participar de The Bold Type está sendo um sonho realizado pra mim.

Eu queria perguntar pra vocês se são fãs da Demi Lovato porque ela está na capa da revista no episódio piloto. E eu sou do Brasil, a maior fanbase da Demi no mundo. Quando assisti ao episódio, a primeira coisa que veio na minha cabeça foi: esta série vai ser um sucesso absoluto no Brasil…. risos

HW: Eu amo ela.

SW: Ela é a cara da série, pois a Demi, através da sua música e da sua personalidade, resume todas as mensagens que queremos transmitir na série. Eu ouço repetidamente a música dela Confident, sou fã e fiquei muito feliz que ela aceitou ser a capa da nossa primeira revista no seriado.

HW: Nós fizemos uma duas sessões de foto com ela e ela incorpora a ideia de ser a mulher poderosa. Ela é fenomenal. Nos ligamos pra equipe dela e dissemos que queríamos ela na capa da nossa revista, que seria mostrada no piloto, explicamos a eles um pouquinho sobre a série, e eles disseram, estamos dentro. Eu fiquei super animada.

SW: O que eu adoro sobre ela é o quão honesta e positiva ela é, ela admite as dificuldades que passou, e como luta até hoje para superá-las, ela compartilha todos seus desafios e conquistas com os fãs, e com o mundo, é exatamente este o tema principal da nossa série, jovens que superam suas dificuldades e lutam para realizar seus sonhos. Demi é a nossa inspiração.

Diga a equipe dela que você conversou com uma jornalista brasileira e ela disse que só por ter a Demi no primeiro episódio o sucesso é garantido no Brasil, eles vão concordar comigo na hora. Ela sempre faz shows lá, é considerada uma deusa. risos!

HW: Pode deixar que vou falar com eles com certeza. Fico muito feliz em saber disso.

Durante o episódio piloto, nós vemos algumas personagens questionando suas próprias atitudes, como na cena em que a Kat (Aisha) se pergunta se deveria ou não desobedecer a chefe . Como você, como roteirista, tomou a decisão sobre que caminho a personagem deveria seguir?

SW: A Kat é uma jovem, “millenium” que supostamente é segura de si, mas não tanto. Na verdade, ela parece super forte, mas aos poucos vocês vão ver que é uma máscara, ela precisa baixar a bola, e naquela situação especificamente ela sabia que não deveria desobedecer a chefe porque ela não conseguiria segurar as consequências, então não foi difícil pra mim tomar a decisão, ela agiu da forma correta, porque era o melhor a se fazer mesmo e ela sabe que ainda tem que aprender algumas lições antes de tomar decisões mais radicais.

A revista Teen Vogue se tornou a voz impressa de notícias políticas para o público adolescente e jovem, vocês pretendem abordar temas como política, economia, meio ambiente na série?

SW: Sim pretendemos, e muito. Nós estamos caminhando nesta mesma direção porque eu sinto que é necessário, tendo em vista o momento que estamos vivendo politicamente nos EUA e pelo mundo afora. E queremos aproveitar que as mulheres têm mais voz hoje em dia e falar de todos os assuntos importantes, como meio ambiente, por exemplo.

Você trabalhou com muitos produtores de TV fantásticos, qual experiência você trouxe para esta série?

SW: Meu Deus! Eu fui muito sortuda em poder trabalhar com alguns produtores de TV incríveis. Com cada um eu aprendi coisas diferentes e tirei a conclusão de que com um pouco de cada, eu faço o meu seriado .Também aprendi com eles em admitir o que você não sabe sem medo.

HW: E da minha parte, eu diria que e o script, que e incrível e muito atual, é real. E isso vem da experiência da Sarah em escrever roteiros excelentes.

Eu tenho uma filha de 3 anos e um filho de 5, mas com ela, eu tenho trabalho extra pra achar conteúdo que seja interessante pra ela, e gostaria de que quando ela crescesse se tornasse uma Jacqueline. O que inspirou vocês a criarem esta personagem?

SW: Há muito tempo eu sonhava em ver essas personagens na TV. Eu queria ver as minhas amizades refletidas nos seriados, por isso este roteiro é tão importante pra mim. Sobre a Jacqueline, eu tive sorte de ter mentoras maravilhosas, mulheres muito fortes e positivas e me inspirei nelas para criá-la.

Você já gritou no metro de NY, com as suas amigas, vestidas de roupa de gala, como a cena das meninas no episódio piloto?

SW: Eu não fiz isso ainda, mas eu morei em NY e tem uma linha de metrô que é muito barulhenta e as pessoas tapam o ouvido com as mãos, e eu sempre tive vontade de gritar, mas nunca fiz. Agora quem sabe não faço um dia desses, eu espero que aquela cena inspire outras pessoas a fazerem isso lá também. risos!

Você pode contar uns segredos sobre a personagem da Jane, ela parece ter uma história interessante e complexa?

SW: Não posso revelar tantos segredos, mas posso dizer que a Jane é uma jovem de 25-26 anos que agora tem a oportunidade de falar sobre a sua vida na revista, quase como se tivesse falando com um terapeuta, e no episódio 2, ela já admite que nunca teve um orgasmo, pronto eu mesma acabei dando um spoiler pra vocês. risos!

“Parenthood” foi um dos melhores seriados que já assisti até hoje, mas eu confesso que assistia os episódios com a caixa de lenço de papel do meu lado, a gente pode esperar derramar muitas lágrimas nesta série também?

SW: Obrigada!!! Olha, não no mesmo nível, mas vamos ter alguns momentos emocionantes sim. Os episódios, de uma forma geral, sempre acabam em um momento mais alegre, mas já vou avisar de antemão: tragam sua caixinha de lenço de papel para a finale. Vocês vão precisar!!

Já vou me preparar. Obrigada e boa sorte. Adorei o piloto, tenho certeza que a série será um grande sucesso.