Como vocês sabem tenho orgulho de ser viciada em seriados. Assisto muitas séries, de diferentes gêneros, e várias delas marcaram (e marcam) a minha vida por diferentes razões.
Mas devo concordar com os críticos e a maioria dos colegas jornalistas, “The Americans” é absolutamente o melhor seriado da TV a cabo desde a sua estreia em 2013.
Na série, Phillip (Matthew Rhys) e Elizabeth Jennings (Keri Russell) são um típico casal norte-americano que vive em um subúrbio da cidade de Washington, durante a década de 1980, com os dois filhos, Paige (Holly Taylor) e Henry (Keidrich Sellati). Tudo seria absolutamente comum, não fosse um detalhe: Eles são, na verdade, dois agentes da KGB, inteligência russa, vivendo nos Estados Unidos sob identidades falsas, em um casamento arranjado, a fim de obterem informações para a Pátria Mãe. Enquanto colocam em risco suas vidas em favor da Guerra Fria, eles precisam proteger suas próprias crenças, criar os filhos e manter as verdadeiras identidades a salvo, ao mesmo tempo em que questionam o que é ou não real no casamento. Fonte: http://www.adorocinema.com/series/serie-10790/
O seriado produzido com baixíssimo orçamento é tecnicamente perfeito, e o roteiro brilhante, a produção, cenário, figurino, trilha sonora, são simples, mas caprichados, e o grupo de atores dá um show de interpretação.
A audiência do seriado não é das melhores porque, verdade seja dita, não é uma série fácil de assistir. As primeiras temporadas têm um ritmo lento e os assassinatos são mais frios que a própria guerra entre os EUA e a Rússia, que serve de pano de fundo para a história. Mas o texto é impecável. Uma aula de roteiro por semana dada pelo criador Joe Weisberg, que trabalhou na CIA, e seu parceiro e produtor Joel Fields.
Com o desenrolar da história, você percebe que a série não é sobre política, muito menos sobre espiões, mas é sobre aquele casal, Phillip e Elizabeth, que quando jovens foram levados para um país estranho e forcados a um relacionamento em prol de defender a Rússia, sua pátria amada e a fazer o impossível para seguir seus corações idealistas.
O mais impressionante é como o relacionamento do casal, que tem dois filhos, reflete o clima político da época, nos detalhes de cada cena e cada diálogo percebemos a maestria do texto bem escrito por Joe e Joel.
Não podemos deixar de mencionar a química incrível entre o grupo de atores, em especial Matthew Rhys e Keri Russell, que foi tanta que levou o casal a se apaixonar na vida real.
Impossível falar de ‘The Americans’ e não fazer um paralelo com a série brasileira “O Mecanismo”. Pode soar estranho essa menção mas, na verdade, acho que serve como uma dica, para os roteiristas e produtores brasileiros, para fugir dos clichês evidentes nos roteiros deste gênero escritos por eles no Brasil, vale estudar, analisar e dissecar o roteiro de “The Americans”, especialmente após esta que é a sexta e última temporada da série, que chega ao fim graças ao bom senso dos produtores e todos os envolvidos que vão sair de cena quando o seriado está ainda no auge dando a ele o fim digno que merece.
A proximidade do fim só deixa os fãs tristes pela falta de reconhecimento que a série teve, especialmente pelos membros da Television Academy, organização que faço parte e promove o Emmy Awards, o “Oscar” da televisão. “The Americans” foi indicada na categoria melhor série apenas 1 vez (excluindo a sexta temporada, ainda dá tempo! Temos esperanças) e os excelentes atores Matthew Rhys e Keri Russell apenas duas vezes, sem ainda terem sido reconhecidos com a estatueta. Para a revolta dos críticos, jornalistas e membros da Academia que, como eu, concordam que quem vota no Emmy assiste as campanhas feitas pelos estúdios, redes de TV aberta e a cabo e plataformas como Netflix, Hulu e Amazon, mas a maioria dos membros de fato não assistem as séries, privilegiando então as que tem mais “buzz” e não as melhores.
Mas, apesar dos pesares, quem reconhece o brilhantismo de “The Americans” defende e faz propaganda da série como se trabalhasse na produção. Não é fã, é um ativista. Ainda mais agora, que sem querer, os temas políticos e a crise entre EUA e Russia voltaram às manchetes no Governo atual.
Eu já perdi a conta de quantas vezes repeti que “The Americans” é o melhor seriado que está no ar nas redes sociais, entre amigos, para minha família e no trabalho. Falei também para a assessora de imprensa da FX Networks, canal a cabo que transmite a série nos EUA, assim como falei para o criador e para o produtor executivo quando estive com eles no ATX Festival, em Austin.
Falei sobre “The Americans” também no curso de pós-graduação, na UCLA, com o professor de Sociologia, com Scott Feinberg, jornalista e meu mentor e em uma entrevista de emprego, sem saber que, para a minha sorte, também era a série favorita da minha chefe, e, segundo ela, não só por isso mas por isso também me contratou.
Como se não bastasse ser uma série imperdível pelo seu roteiro e produção, “The Americans: termina me deixando de herança mais que uma aula de como fazer bem e com pouco dinheiro uma ótima série de TV, mas como apreciar um excelente seriado pode render até um novo emprego. Não é à toa que acho que meu vício em séries pra lá de saudável!
Trailer
Video dos bastidores da última temporada