Apesar de ter ganhado o apelido de Vale da Morte dos garimpeiros que enfrentaram as altas temperaturas, e alguns até morreram durante a travessia do Death Valley na época da corrida do ouro (início do século XX), o deserto na verdade tem uma vida própria e bem peculiar.
A prova disso é que depois de um dia fantástico de céu muito azul e calor suportável fazendo passeios nos principais pontos turísticos do parque, nós retornávamos da região de Furnace Creek, em direção ao nosso hotel (uma viagem numa estrada de mão dupla de cerca de duas horas aproximadamente), quando fomos surpreendidas por uma forte tempestade de areia, com chuva. O todo poderoso deserto mostra assim a sua vitalidade.
Tínhamos avistado de longe uma nuvem e, na nossa inocente experiência vindas de um país tropical, chegamos a pensar que era neblina, sem contar que este fenômeno não acontece no deserto. Poucos quilômetros depois já não conseguíamos enxergar mais nada, o vento balançava o carro, é como descer uma serra com neblina, a areia nos impedia de enxergar um palmo à frente dos nossos olhos. Eu estava dirigindo e apesar desta ser a terceira tempestade de areia que enfrento (as duas outras foram no deserto de Palm Springs durante o festival de música Coachella), está sem dúvidas foi a mais forte e amedrontadora.
Não tínhamos como seguir mais 1 hora de viagem, ainda mais numa estrada desconhecida e cheia de curvas, sem contar que nessas alturas já tinha anoitecido. Para a nossa sorte, o outro hotel, Stove Pipe Wells estava próximo e conseguimos com dificuldade chegar até lá, estacionar o carro e ir até a recepção.
Como era feriado nos EUA (Memorial Day, em homenagem aos veteranos de guerra), o hotel estava lotado. Mas eles nos ofereceram um lugar no estacionamento dos trailers. Nã tínhamos muita opção e dormimos mesmo no automóvel, depois de ficar no restaurante até a hora de fechar. Claro que não foi confortável, mas foi uma aventura que tornou a nossa passagem pelo Death Valley ainda mais memorável.
No dia seguinte, o sol nos acordou cedo e seguimos finalmente para o nosso hotel, a tempestade de areia tinha partido sem deixar rastros. Nosso camping era um luxo, o banheiro coletivo, mas limpo e depois de trocarmos de roupa, continuamos explorando as maravilhas que só o deserto oferece.
Como a Ubehebe Crater, um espetáculo de cratera, que está ali há milhões de anos. As tribos de Death Valley diziam que as almas saíam de lá e partiam para os quatro cantos do mundo. Sem dúvidas um dos passeios mais bonitos do parque. Juntamente com a Artist Drive, uma estrada cercada de montanhas desérticas, mas que parecem pintadas com areia coloridas. É quase um milagre, difícil os olhos e nosso próprio cérebro entenderem a dimensão da beleza do local.
Agora é quase impossível acreditar que no Death Valley exista um Castelo, onde Walter Scott, que dizia ter uma mina de ouro, morava. O impostor foi desmascarado alguns anos depois, mas o Scotty’s Castle, sua suntuosa residência construída com a ajuda de ricos empresários e pobres trabalhadores que investiram na falsa mina de Scott e o oásis do Vale da Morte e continua recebendo turistas do mundo inteiro.
Para encerrar o passeio nada melhor que uma visita a uma Cidade Fantasma, que fica fora dos limites do parque, mas perto o suficiente para que a gente desse uma passadinha. É uma das heranças da corrida do ouro, época em que várias cidades como esta foram construídas pelos garimpeiros na região. Quando o ouro acabou eles partiram para sempre e deixaram pra trás sua antiga morada. A maioria delas foi destruída por terremotos, mas Rhyolite ficou para contar a história. Impressionantemente, o único lugar que o celular pega dentro do parque e na Cidade Fantasma, vai entender….
E no final de mais um dia épico, relaxamos no nosso confortável camping onde fomos presenteados com um belo pôr-do-sol. Sim, a vida em Death Valley é diferente da que estamos acostumados, mas não menos fascinante. É um daqueles lugares no mundo que de fato nos sentimos mais perto de Deus.
Convidamos você para visitar o Vale da Morte com a gente:
E conferir a primeira parte da nossa aventura por lá:
Dicas sobre Acomodação e Alimentação no Parque do Death Valley
Existem três complexos de hospedagem no Parque, em todos eles você vai encontrar além do hotel, uma loja de conveniência, restaurante, local para estacionar seu trailer e acampar e um posto de gasolina.
O Furnace é próximo das atrações mais badaladas e também o hotel mais luxuoso da região (tem até campo de golfe). É praticamente uma cidade faroeste e com toda estrutura. Indicado especialmente se você vai com a família e leva crianças:
http://www.furnacecreekresort.com/lodging/the-ranch-at-furnace-creek/
O mais central é o Stove Pipe Wells, onde ficamos na noite que dormimos no carro por conta da tempestade de areia. O restaurante é um saloon super simpático e barato e o pessoal que trabalha lá é um amor, foram super solicitos conosco e nos ajudaram na hora do desespero. Na próxima visita a Death Valley possivelmente ficarei por lá.
O Panamint é incrível, fica no lado oposto do Furnace e sem dúvidas é o local mais bonito para se hospedar, a pizzaria tem opções de comidinhas decentes e o camping tem uma infra-estrutura ótima. Você pode levar a sua barraca, mas nós alugamos a barraca de exército já montada com cama e tudo (é preciso levar roupa de cama e toalhas) e o banheiro é limpinho. Para quem nunca tinha de fato acampado como eu foi uma experiência sensacional e prática. Perdemos a primeira noite, mas curtimos o céu estrelado enquanto tomavámos uma cervejinha na noite seguinte. Vale a pena cada segundo e valeu também a estadia barata ($50 por noite, a barraca acomoda confortavelmente até 5 pessoas).
http://www.panamintsprings.com
Saiba mais sobre as atrações do Parque Death Valley
http://www.nps.gov/deva/planyourvisit/ubehebe-crater.htm
