Por: Claudia Ciuffo
Meu amor pela série “The Bold Type” aconteceu antes da estreia da primeira temporada, no ano passado, quando entrevistei Sarah Watson, a criadora, que por sinal também foi produtora executiva de “Parenthood” uma das minhas favoritas, e as atrizes Katie Stevens, que interpreta a Jane, Aisha Dee, a divertida, talentosa e ousada Kat e Melora Hardi, que é a chefe, mentora, poderosa, Jacqueline no ATX Festival, em Austin 2017.
Pelo alto astral do nosso papo e por se tratar de uma série protagonizada por jovens mulheres, guerreiras, divertidas, interessantes, gente como a gente, que são melhores amigas e têm uma chefe que é parceira, numa revista famosa em Nova York, eu sabia que a série se tornaria um novo e delicioso vício. E assim foi… Vale conferir a nossa primeira entrevista, já que este ano, infelizmente, Katie não pôde ir ao ATX, já que estava em outro evento em NY:
Apesar da ausência da intérprete de Jane, foi uma delícia retornar ao Festival e ter a oportunidade de conversar novamente com Aisha Dee e pela primeira vez com Nikohl Boosheri, que interpretam, respectivamente, Kat e Adena, um casal apaixonado que vê seu relacionamento ameaçado quando Adena tem dificuldade de conseguir seu visto para permanecer nos EUA. Nikohl, que é canadense mas nasceu no Paquistão, conversou longamente sobre as questões de imigração abordadas pela série. Eu também compartilhei a minha experiência e de muitos de nós brasileiros que também precisamos de visto até para visitar os EUA. Foi mais que uma entrevista, mas um papo de amigas. Elas são sensacionais, umas queridas, Aisha ficou impressionada e lisonjeada em saber que a série é famosa no Brasil e que as pessoas se identificam tanto com sua personagem e o relacionamento dela e de Adena.
Imperdível conferir o bate-papo completo:
ENTREVISTA – AISHA DEE (AD) E NIKOHL BOOSHERI (NB)
Produtora: Vamos fazer 12 minutos, já que vocês chegaram aqui um pouco adiantados. Estão todos aqui, então…
AD: Nós ganhamos mais tempo juntos! Como vocês estão? Estão tendo um bom dia?
Sim, com certeza. Eu amei o primeiro episódio da segunda temporada, foi incrível.
NB e AD: Obrigada!
Eles me pediram para dizer a vocês que o show é super famoso no Brasil.
AD: É mesmo?
Vocês sabiam disso?
AD: Não! Eu não sabia que era famoso em nenhum lugar! As pessoas dizem: “Eu assisto “The Bold Type” e eu respondo: “Não, não assiste, mentiroso!”.
NB: Quando nós fazemos os lives no Instagram e as pessoas dizem de onde são, eu sempre fico pensando: “Onde vocês estão assistindo isso?”. Porque os meus amigos e família no Canadá não conseguem encontrar o show para assistir.
Sério?
NB: Sim!
É complicado no Canadá.
AD: É complicado no Canadá e é complicado na Austrália.
NB: Mas as pessoas são da Argentina ou…
Os fãs encontram uma maneira.
NB: Sim, eles descobrem um jeito.
AD: A minha família encontrou uma maneira. Você acha que eles estão fazendo legalmente? Não, eles não estão! Eles sempre pedem desculpas para mim: “Eu gostaria de poder comprar, mas não posso”.
NB: Eu acho que você pode usar esse link… No ano passado, eu encontrei um link de streaming, mas nem todo mundo quer assistir assim.
AD: E não é porque eles não querem assistir na TV e nos dar a audiência. Mas eu acho que não importa como você consome o show… Sem nenhuma vergonha! Assista ao show como você quiser, eu não me importo.
NB: Faça o que você tem de fazer!
AD: Só aproveite.
Uma das coisas que eu acho que o show faz muito bem é intersecção de identidade. Eu estou curiosa: para vocês duas, como essa exploração complexa de classe, orientação sexual e raça vai aparecer na segunda temporada? Existem algumas conexões entre essas identidades que vocês estão empolgadas para que os fãs vejam nesta temporada?
AD: Nós exploramos muitas coisas na primeira temporada e estamos muito orgulhosas, mas eu definitivamente acho que podemos ir mais longe e explorar mais coisas. Houve coisas que não exploramos e que eu gostaria que tivéssemos explorado… Mas o show não foi cancelado, então vamos voltar e explorar mais. Eu sei que a Kat, no segundo episódio, vai fazer um pouquinho de exploração interna quando se trata da sua raça e do fato de que é bi racial – o que eu também sou, então definitivamente entendo e me conecto com isso.
NB: E ela tem uma conversa muito interessante com outro personagem bi racial.
AD: Sim, e eu acho que serão conversas muito interessantes durante toda a temporada. Cada episódio é tão maravilhoso, em minha opinião. E você também vai poder vê-la explorar como é estar em um relacionamento com uma mulher, ou apenas em um relacionamento pela primeira vez – o que é outra coisa que eu totalmente compreendo, porque eu comecei bem tarde quando se trata de relacionamentos. Eu sempre pensava: “Não é para mim, eu não quero fazer isso!”, sabe? Mas isso te alcança em algum momento.
NB: Alguém te alcança.
AD: Sim, mas é uma coisa linda de se explorar e eu estou realmente empolgada para que as pessoas vejam isso.
NB: Adena, obviamente, ainda é uma imigrante que está esperando ser uma imigrante mais permanente. Então, nós exploramos isso um pouquinho mais. A coisa mais legal da intersecção é que o todo é mais complexo que as partes, sabe? Temos tantas histórias para contar e mal começamos a arranhar a superfície. Espero que tenhamos a oportunidade de continuar a aprofundá-las e desenvolver mais sobre quem essas pessoas são.
Uma das coisas que eu realmente amo sobre “The Bold Type” é a força das amizades e como elas são representadas porque, com frequência, amizades femininas são mostradas como competitivas ou mesquinhas, primordialmente porque são escritas por homens. Qual é o sentimento de vocês sobre a forma com que as amizades são mostradas e por que é importante mudar essa narrativa?
AD: Eu acho que a amizade das três garotas é o coração do show e a razão pela qual ele funciona. Você quer ver o que acontece com as três individualmente, mas você também quer ver como elas navegam essas coisas juntas. Mesmo os relacionamentos românticos do show são permeados por amizade e conexão.
NB: E suporte, bondade, sim.
AD: Sim. Eu não estou surpresa que as pessoas estão se conectando a isso, mas estou surpresa por estar crescendo da forma que está. Eu espero que continue a crescer e que mais pessoas encontrem, sabe?
NB: É legal fazer parte de um show em que o grande mal não é outro personagem principal, uma pessoa, uma mulher… É realmente o crescimento e as circunstâncias em que elas se encontram. Mas o drama não vem umas das outras.
Certo. É isso que eu aprecio: a autenticidade nas relações femininas.
AD: E não é perfeito. É bagunçado, certo? Elas brigam.
NB: Sim, você pode brigar e ainda ter compaixão.
AD: É tipo: “Meghann, você pode me deixar em paz? Eu estou cansada, de TPM e não quero ouvir suas porcarias agora!” (Risos). Mas, sabe, vem do amor e todo mundo é tão incrível e solidário, no mundo real assim como no show.
NB: Isso é muito legal também. Todo mundo está em um set muito solidário para trabalhar e todo mundo gosta de todo mundo de verdade. As pessoas se amam e são amigas. Para muitos de nós, é o primeiro show e estamos lidando com novas experiências juntos, conseguindo ajudar uns aos outros na vida real a navegar isso. Então, eu acho que isso reflete na tela. Melhores amigas para sempre!
AD: Se você for ser mais brega, nos avise! (Risos).
Eu tenho uma pergunta para você: quando você falou um pouquinho sobre a Adena e como ela está aqui temporariamente com um visto de trabalho, será que nós veremos… A história de imigração foi uma das coisas mais celebradas pela forma com que foi abordada na primeira temporada. Assim, com ela tendo que descobrir o que terá que fazer para o trabalho e outras coisas, o quanto vamos poder ver de Adena lutando para encontrar trabalho? Porque ela tem pouco tempo para descobrir o que fazer.
NB: Sim. Sem entregar nada, porque essa é uma grande parte… É com isso que a Adena está lidando nesta temporada. É isso que está acontecendo com ela. É uma coisa complicada para mim também… Eu sou canadense, então, como alguém nos Estados Unidos, eu também sou uma imigrante. E você precisa conseguir trabalho, conseguir mais trabalho, mas você precisa ter documentação para conseguir trabalho.
Você precisa estar nos Estados para conseguir trabalho, sim.
NB: Mas é tão… Você precisa encontrar… Não buracos nas regras, mas é uma grande luta. Eu acho que vemos Adena, que é sempre tão ambiciosa e nada pode realmente pará-la, porque ela sempre vai atrás do que quer, mas ela tropeça um pouco nessa segunda temporada e encontra alguns bloqueios pelo caminho. Então, eu acho que isso é legal de assistir, mesmo que difícil. Todo mundo tropeça um pouco.
Foi mais fácil… Como você disse, sendo canadense e tendo questões similares – obviamente, não da mesma extensão – mas foi mais fácil se identificar com a Adena porque você compreende o sistema e o quão difícil pode ser?
NB: Claro! Eu definitivamente entendo o sistema imigratório americano e o sistema de vistos.
AD: Sério?
NB: Às vezes, quando as coisas estavam sendo escritas, eu contatava alguém e dizia: “Hum… Na verdade, é assim”. Eu lembro que, na última temporada, quando estávamos falando sobre o passaporte dela e de onde ele veio, eu disse: “Bom, ela não pode realmente ter um passaporte do Oriente Médio porque ela não teria conseguido viver na Europa pelos últimos dez anos”. Fronteiras são uma coisa estranha e complicada.
Eu vivi aqui pelos últimos nove anos e sou brasileira, então, eu compreendo. Eu chorei quando assisti essas cenas.
NB: É um processo muito emocional e assustador.
Sim, é tão real. É uma luta!
NB: É a sua casa!
E esta é uma das razões pelas quais o show é tão bem-sucedido internacionalmente – além da amizade – porque este é um problema real.
NB: E eu acho que, quando você começa a ficar apegado a um lugar e às pessoas, aos relacionamentos que você cria, os riscos se tornam ainda mais altos. Eu definitivamente consigo me identificar com isso.
AD: Eu tenho dupla cidadania, mas nenhum dos membros da minha família tem. Eu nasci com dupla cidadania em uma situação de família muito complicada e misturada que não vamos explorar, mas é difícil. Eu vivo muito separada da minha família e sempre estive muito separada das pessoas que amo, então, não foi difícil ter uma identificação com a Adena também, como a Nikohl disse. Às vezes, é como se eles estivessem grampeando nossos quartos!
NB: Sim. Especialmente no ano passado, com os muçulmanos banidos, eu me preocupei em estar em alguma daquelas listas em algum momento. Graças a Deus, o país que eu nasci não está, mas o país em que a minha mãe nasceu está. Então, em algum momento, ela pode ter problemas… Mesmo que não aconteça – bata na madeira porque você espera que ninguém nunca tenha que lidar com isso – mas é uma coisa assustadora para se preocupar que não era um problema em um dia e, no dia seguinte, é.
A incerteza.
NB: Essa incerteza é muito assustadora, sentir que você possivelmente pode ser separada daqueles que ama.
Vamos ver alguém da família da Adena nesta temporada ou ela vai conseguir construir relacionamentos além do relacionamento romântico que tem com a Kat?
NB: Nós vemos um pouco mais do mundo da Adena, com certeza. E isso é conectado à Kat também, porque a Kat é uma parte tão grande da vida da Adena agora. Eu acho que nós abrimos esse mundo e que a Kat tem a chance de conhecer, de ser apresentada a alguns dos amigos e colegas da Adena. Isso é muito legal.
AD: Ela é muito legal. Ela tem muitos amigos, que tem estilos de cabelo legais, usam roupas legais. Eu estou muito empolgada sobre essa parte da temporada que vai mostrar um pouco mais do mundo da Adena.
Eu acho que, às vezes, os relacionamentos pessoais realmente roubam o show em “The Bold Type”, mas, fundamentalmente, é uma história de um ambiente de trabalho. Veremos mais do trabalho da Kat e o que ela está fazendo com sua vida profissional, e vamos aprender mais sobre a arte e trabalho da Adena também?
AD: Na última temporada, nós vimos a Kat dar esses novos passos na carreira dela e, no final da temporada, ela estava feliz com o que estava fazendo e precisava daquele momento para se separar um pouco e correr atrás do amor por um minuto. Para que ela pudesse voltar se sentindo revigorada e sentindo que isso é o que ela quer fazer, isso é o que ela ama – o que eu definitivamente entendo. Eu tive os meus próprios altos e baixos, até mesmo com essa indústria da qual sou parte agora. Eu tirei tempo para mim antes, então, isso é algo que eu realmente me conecto e acho que, nesta temporada, você vai poder ver a Kat meio que… Ela desafiará os membros da diretoria de novo e de novo – e eu não acho que ela vai parar um dia, o que me deixa tão feliz!
Foi uma ótima cena inicial no episódio que vimos no painel hoje, quando ela está na sala da diretoria com todos aqueles homens brancos e diz: “Não, isso não é realmente como deve ser”. É uma ótima cena!
A minha favorita é a cena depois dessa, quando ela está explicando para a Sutton… É como se elas todas estivessem: “O quê? Isso nunca aconteceu antes”.
AD: Nós filmamos tantos takes esquisitos! Jogamos algumas coisas estranhas fora e usamos o que era menos esquisito!
Era você improvisando, primordialmente?
AD: Sim! Muito do show é bem aberto.
NB: Nós recebemos os scripts, lemos e temos ideias. Depois, discutimos nossas ideias e vemos quais batalhas valem a pena.
AD: É uma colaboração. Somos tão abençoadas de ter um time de escritores que estão tão abertos para saber o que pensamos e como podemos fazer essas ideias funcionarem na história. Sinto-me muito honrada de fazer parte dessas conversas, não é em todo show que você consegue fazer isso.
NB: Não mesmo. Especialmente agora, que eles nos conhecem e esperam escrever algo específico para você… Às vezes, eles dizem algo que você gosta e você pensa: “Meu Deus, eu queria ter pensado nisso”. Às vezes, você diz algo: “E se fizermos desta forma?”. Nós descobrimos coisas através de nossas discussões e é um processo muito legal. Todo mundo leva muito de si mesmo ao personagem.
Vocês têm muitas mulheres dirigindo o show?
AD: Eu acho que pelo menos em metade dessa temporada e da temporada anterior também. É uma prioridade para eles e isso é incrível. Somos abençoadas com uma equipe incrível e diversificada, que trabalha junto desde sempre, porque um show é relativamente pequeno… Não há tanta produção em Montreal comparado a Vancouver ou Toronto, e é onde gravamos a maior parte do show. Nós também vamos a Nova York. Mas somos tão abençoadas por ter esse time que trabalha junto há décadas. Alguns deles tiveram filhos na mesma época, todos cresceram e se casaram, viraram amigos e fizeram festas…
NB: Eu acho que os filmes X-Men foram filmados lá, então todos eles fizeram isso. É um ambiente muito legal.
AD: Um set de pessoas muito próximas, que vem de lugares e momentos diferentes. É o lugar mais incrível para se estar.
NB: E nossos diretores…
AD: Do topo para baixo, é muito incrível. Sempre pode ser melhor, mas, sabe?
Existe uma história faltando para vocês, que vocês adorariam ver? Porque vocês falam de imigração, moda, amizade e tantas outras coisas. Existe algo que vocês queiram abordar e não tenham feito ainda?
AD: Na última temporada, eu realmente queria… Eu estava, tipo: “Vamos falar sobre raça, baby!” E aí, nós nunca fizemos. Agora, estamos fazendo de uma forma tão incrível que eu estou feliz que nós esperamos, porque nos deu a chance de explorar de um jeito muito único, que não foi feito antes. É algo que eu nunca vi. Mas, no futuro, eu amaria que o show incorporasse alguns personagens não binários. Eu acho que isso é muito importante e não tenho dúvida de que chegaremos lá. Nós temos um grupo bom nos apoiando.
NB: Eu tenho até medo de dizer, porque essa é a minha primeira experiência com um personagem fixo em uma série, certo? Então, você recebe os scripts, mas não sabe realmente para onde o show está indo… Eles não estão te contando o todo. Assim, no começo da temporada, eu me perguntei: “Por que isso não está acontecendo? Eu acho que devíamos mostrar isso, isso é importante, isso é o que a Adena é”. E, aí, no final, eu estou tipo: “Ahhhh… Eu vejo o que você está fazendo aí!”
AD: Eles são mais espertos do que a gente pensa que são.
NB: Sim! Vocês poderiam ter me contado. Nós somos as últimas a saber alguma coisa.
AD: Eu amo não saber, porque eu sento e leio os scripts como uma fã. Tipo: “Meu Deus, o Richard e a Sutton?” – sabe? Eu tenho meus momentos também. Então, é legal sentir que eu estou indo nessa jornada junto com os fãs, tendo várias das reações que os fãs têm.
NB: Talvez porque gravar um show de televisão seja um processo mais longo… Para ficar realmente na ponta dos pés, talvez seja bom não saber.
AD: Eu amo!
NB: Eu só não estou acostumada com isso, então, fico me perguntando: “O que é isso?” E você quer ter certeza de que está honrando a história e existe esse medo de que, se você não sabe onde está indo, não vai poder fazer isso. Mas esse é um método comprovado, que funciona para muitos shows que eu assisto e admiro, então quem sou eu para mudar isso? Nós temos alguns membros do elenco que sabem como arrancar alguns pedacinhos da história.
AD: Sim, a Katie! É a Katie.
NB: Ela tem seus métodos.
AD: “Todo mundo quer me contar o que está acontecendo” – tipo, como você sabe dessas coisas? Eu não sei essas coisas! É insano.
Eu acho que as personagens de vocês são realmente fortes e criam modelos de comportamento, especialmente para garotas mais jovens. O que faz com que vocês se sintam fortes pessoalmente? Algo que vocês…
AD: Você quer dizer em filmes e TV?
Qualquer coisa. Para algumas pessoas, fazer exercícios faz com que se sintam fortes, que compreendam seu poder…
AD: Eu queria que fosse malhar! (Risos).
Quero dizer, conte algo que faz você se sentir forte e poderosa.
NB: Uma coisa divertida? Eu amo dançar. Quando eu estou dançando, sinto-me muito livre e sexy, mais poderosa. Mas eu acho que ajudar pessoas também é uma parte de quem eu sou. Ajudar amigos e família faz com que eu me sinta bem e poderosa.
AD: Música sempre foi uma grande parte da minha vida. Meus pais são músicos e a minha mãe é cantora de ópera. Então, ela sempre foi: “Você não vai ouvir isso. Vai ouvir Nat King Cole, Erykah Badu, D’Angelo”. Ela foi tão específica! E eu odiava quando criança, pensava que não eram as Spice Girls… Eu ouvia Spice Girls quando minha mãe não estava lá. Mas música sempre foi uma parte imensa do que me faz sentir poderosa, e filmes também… Cleopatra Jones e Jackie Brown, What’s Love Got To Do With It. Filmes são um dos meus grandes confortos, sentar com petiscos e assistir um filme!
Incrível. Muito obrigada!
AD: Muito obrigada. Foi ótimo falar com vocês.
Agora, se na conversa com Aisha e Nikohl já compartilhamos experiências de vida, com Meghann Fahy, que dá vida a Sutton Brady e Amanda Lasher (produtora executiva da série), eu abri meu coração literalmente e contei que, como Sutton, sua personagem, eu também me apaixonei por uma pessoa no meu trabalho há anos. A melhor parte foi a história que ela compartilhou quando eu disse isso, seguem os detalhes da minha conversa com essa fofa e com a super simpática Amanda que não deu spoilers, mas nos deu um gostinho do que podemos esperar da segunda temporada.
ENTREVISTA – MEGHANN FAHY E AMANDA LASHER
MF: Olá, como vocês estão?
Bem, e você?
MF: Ótima! Olha só quantos aparelhinhos incríveis. Eu quero apenas levá-los…
Amanda, eu tenho uma pergunta para você. Obviamente, você é nova no show este ano como diretora, produtora executiva, escritora, tudo. Como foi para você pular de cabeça e começar a trabalhar em um show que já era tão amado após a primeira temporada?
AL: Eu nem pensei a respeito! Honestamente, eu entrei como uma fã do show, então isso fez com que ficasse um pouco mais fácil. Eu simplesmente amo o show e não entrei querendo mudar ou consertar algo; eu entrei querendo somente continuar o que eles já tinham feito de forma tão bonita. Essa parte foi um prazer, mas teve também a parte da responsabilidade por saber que as pessoas amavam tanto o show e eu queria honrar isso. Estes foram os meus guias para seguir em frente.
Você tinha alguns objetivos quando entrou na sala de escritores pela primeira vez? Do tipo, eu quero fazer isso nesta temporada ou quero tentar manter isso da primeira temporada… Você tinha objetivos quando entrou para começar a trabalhar na segunda temporada?
AL: Sim. Eu realmente queria me aprofundar nas histórias de vida dos personagens para entender algumas das decisões que eles tomaram – isso era algo muito interessante para mim, aprender mais sobre isso. Em termos dos romances, é meio que tentar achar formas de aprofundá-los e evolui-los, além de manter as pessoas na ponta de suas cadeiras. Essa parte é muito desafiadora, mas também muito divertida.
Uma das coisas que eu realmente aprecio sobre a Sutton é que ela sofre com seu passado na primeira temporada, porque eu acho que isso é algo que não vemos muito na TV. Estou curiosa para saber se isso será uma parte da personagem na segunda temporada e se veremos mais disso. Você mencionou histórias de vida, então, vamos talvez conhecer a família dela?
MF: Sim. Isso definitivamente será parte da segunda temporada e estamos muito empolgados com isso. Eu sinto que a Sutton foi um pouco misteriosa com a parte pessoal na primeira temporada, além de seu relacionamento com o Richard – isso foi muito importante e falamos a respeito. Agora, vamos para a cidade natal da Sutton e conhecemos sua mãe e ex-namorado. Este é o meu episódio favorito da segunda temporada. Eu acho que as pessoas realmente vão gostar. Ter a oportunidade de entender uma pessoa através de seu lugar de origem muda a forma com que você a vê, às vezes, para melhor ou pior… Isso pode deixá-lo mais empático, simpático ou qualquer uma dessas coisas. Eu estou empolgada.
AL: Eu também.
No arco da sua história, qual foi o aspecto mais desafiador e o mais gratificante da segunda temporada?
MF: Obviamente, o Richard e a Sutton se separando no primeiro episódio. Eu acho que isso foi meio desafiador, mas também empolgante em termos de… Eu acho que houve uma sensação meio de alívio, ligada ao fato de que ela tomou uma decisão a respeito do que queria fazer. E, agora, a veremos mergulhar nisso e entenderemos o que representa. É uma sensação boa às vezes, quando você vê uma personagem que está trabalhando tanto e sofrendo tanto, conseguir uma vitória. No mundo fashion, quando algo adorável acontece, como no primeiro episódio, é tão agradável! Você pensa: “Meu Deus, está funcionando!” Então, isso foi ótimo. Mas é interessante, o aspecto mais desafiador e também o mais gratificante da segunda temporada foi a decisão que ela tomou de se separar do Richard.
Como é escrever um show para jovens em uma era tão soterrada pelas redes sociais? Especialmente entrando na segunda temporada, quando vocês tiveram uma reação tão grande depois da primeira temporada. Todo mundo tem sentimentos fortes sobre os casais e outros aspectos. Você deixou isso passar por sua cabeça ao entrar no processo de escrita e o quão difícil é deixar isso fora de sua mente, essa influência sobre onde ir com os personagens? Ou não influencia onde você leva os personagens?
AL: É meio que uma dualidade. Quando estamos falando sobre as histórias e escrevendo as histórias, nós pensamos muito sobre… Nós queremos respeitar nossa audiência, ser respeitosos com eles. Mas, ao mesmo tempo, isso não significa que vamos dar o que eles querem constantemente, ou quando querem. Eu acho que nem sempre funciona dar às pessoas o que elas querem e quando querem, porque você não quer que cada episódio seja exatamente o mesmo. Você precisa dos altos e baixos, e, também, é isso que a vida é. Quero dizer, ela sobe, ela desce e é assim que a abordamos. A parte das mídias sociais é muito legal, porque você pode ter essa conversa e esse diálogo… Mesmo que eu seja bem quietinha no Twitter, mas você pode ouvir as pessoas dizerem e essa parte é muito legal.
E quanto a você, sobre a reação dos fãs? Sobre tudo, a cada minuto, enquanto o show está acontecendo?
MF: Eu também não tweeto muito. No ano passado, quando estávamos exibindo o show pela primeira vez, me envolver dessa forma foi meio fora de série. Nós gravamos no Canadá e ficamos lá por alguns meses, dentro da nossa própria bolha, fazendo a mesma coisa todos os dias… Você esquece a parte que não pertence mais a você. Está lá fora e as pessoas têm opiniões a respeito. Algumas delas são ótimas e outras não são, mas tudo é justo. Então, poder interagir com as pessoas tão facilmente e ter conhecimento do quão empolgadas elas estão têm sido muito especial.
Como saber que uma terceira temporada está garantida afetou a escrita da segunda temporada, se afetou?
AL: É um presente tão grande, sabe? Porque haviam enredos que realmente queríamos seguir nesta temporada e não conseguimos fazê-lo. Então, mesmo que não tenhamos chegado a eles, é meio que: “Oh! Não se preocupe, estamos bem”, sabe? Nós podemos chegar lá. É ótimo. É realmente ótimo.
Eu me identifico tanto com a sua personagem porque eu tive… Quer dizer, eu me apaixonei por alguém no trabalho.
MF: Uau, conte-me mais!
Foi há muitos anos. Os meus amigos estavam assistindo o show no Brasil e eles me enviaram mensagens: “Você viu isso?”. Foi muito engraçado! E eu não acredito que estou contando isso a você. Mas a minha pergunta é: alguém já te contou alguma história assim, sobre como se identificaram com seu personagem?
MF: Sim! É maluco… A minha colega de quarto na época, quando a primeira temporada estreou, estava em um relacionamento secreto com uma pessoa do escritório dela.
Bom para ela!
MF: E foi maluco porque ela era – e é – brilhante, inteligente e talentosa, e tão boa em seu trabalho. E foi literalmente aquela situação em que, se as pessoas descobrissem… As pessoas não podiam descobrir. Eventualmente, o relacionamento progrediu para algo bem sério e eles contaram ao chefe que estavam juntos. Mas é claro que você não quer fazer isso no começo porque, se é muito novo e você não sabe se estão só se divertindo ou passando tempo juntos… Então, levou um tempo para que eles chegassem naquele ponto, mas foi maluco porque ela estava passando por aquilo naquele momento. E, conforme os episódios iam saindo, ela dizia: “Meu Deus, eu me identifico tanto”. Eu me senti bem, senti que tínhamos honrado aquela história quando ela disse isso.
É maluco, eu amei!
MF: Risos.
Falando da Sutton, do Richard e de tudo isso: no final do primeiro episódio da segunda temporada, nós vemos a Sutton fazer a escolha de que não vai ficar com o Richard neste momento. Então, como muito do personagem Sutton foi atrelado ao Richard na primeira temporada, você ainda espera que, em algum momento, ela chegue em um ponto da vida dela em que escolherá o Richard e esse amor? E como foi poder explorar a Sutton… Você estava falando sobre explorar a história de vida dela, mas como foi poder explorar a Sutton longe da história do Richard?
MF: São duas ótimas perguntas. Para a primeira pergunta: sim, eu espero que ela chegue a esse ponto. Pessoalmente, eu acho que… Porque a química é tão legal entre a Sutton e o Richard e o relacionamento foi tão cheio de amor e bacana, seria bem satisfatório ver a sequência disso. Eu acho que se conectar com as pessoas pode ser difícil no mundo real. Quando você encontra alguém e tem sentimentos pela pessoa, não poder seguir aquele caminho e ver o que está lá é de partir o coração. Então, eu espero que, em algum momento, ela seja capaz de se abrir para ele – e ele para ela – para ver se o que eles têm é realmente verdadeiro. E a segunda parte da sua pergunta foi como foi ter a experiência da Sutton…?
Ter a experiência da Sutton fora de seu relacionamento com o Richard e explorar mais dela.
MF: Foi tão especial para mim, neste ano, poder fazer isso. Eu acho que consegui aprofundar minha percepção de quão altos são os riscos para ela e os motivos pelos quais a carreira dela é tão importante. Ela já sacrificou tanto para chegar onde está e lutou tanto para ser somente uma assistente. Eu acho que isso me ofereceu uma perspectiva incrível e acredito que a audiência vai sentir o mesmo.
AL: E também tem algumas situações incríveis entre você e o Oliver.
MF: Sim!
AL: Eles são tão divertidos juntos.
MF: O relacionamento entre a Sutton e o Oliver está evoluindo e é tão especial. Uma das minhas partes favoritas de fazer este show é poder trabalhar com o Stephen, que é tão adorável. Tem sido lindo ter essa relação evoluindo também.
Assistindo a primeira temporada como uma fã e começando na segunda temporada, tem algum personagem, particularmente do elenco de suporte, que você estava realmente empolgada em aprofundar e em nos contar mais a respeito, que você considerou que foi pouco explorado na primeira temporada?
AL: Teve aspectos de cada um dos personagens que eu estava super empolgada em abordar. Para a personagem da Sutton, explorar o privilégio e como foi entrar no mundo fashion sem ter vindo de uma posição privilegiada. Eu estava muito empolgada sobre isso. Uma coisa que também me empolgou foi explorar a Kat e sua identidade racial, porque eu senti que isso não foi muito abordado na primeira temporada e eu estava empolgada em falar a respeito e entender como era ser uma mulher bi racial neste mundo. Entender de onde vieram as visões dela e conhecer os pais no segundo episódio. Foi muito gratificante fazer isso também.
Algum dos membros do elenco contribuiu com suas próprias experiências para as histórias?
MF: Não para coisas muito específicas, mas a Aisha e eu falamos muito sobre o enredo do segundo episódio… Nós falamos muito, mas não tem nada específico.
AL: Eu não acho que tem nada muito específico e pessoal que nós usamos, mas falamos o tempo todo sobre tudo.
MF: Temos um episódio sobre positividade em imagem corporal chegando e nós tivemos conversas muito reais a respeito. Sobre as coisas que consideramos desafiadoras em nós mesmas e como amamos nós mesmas, então, isso foi muito pessoal.
AL: Sim, foi ótimo. Eu tenho que ir para outra entrevista, mas foi tão bom conversar com vocês.
MF: Sim, obrigada!
Se você ainda não é fã de carteirinha de “The Bold Type”, eu te encorajo a fazer uma maratona já. Uma série leve, alto astral que, ao mesmo tempo que mostra o glamour do mundo da moda, aborda temas sérios como imigração nos EUA, e celebra a amizade e o companheirismo entre as mulheres, reafirmando que nós unidas temos total poder! Acredite é viciante desde o piloto. Assista, e nos conte o que achou!