Por: Taís Magalhães
“ Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre o 0 e 1. Tem 0 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que outros…Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Eu queria mais números do que provavelmente vou ter!”
HAZEL GRACE
Confesso que me surpreendi com o livro “A Culpa é das Estrelas!”. Uma narrativa incrível em primeira pessoa feita por Hazel Grace. Hazel, garota de 16 anos, que fora diagnosticada com câncer de tireoide com metástase no pulmão. Embora vivesse com suas limitações decorrentes do câncer, ela não deixara de ser uma adolescente mas, que diferente de muitas, ela tinha apenas uma certeza, a de que iria morrer, porém só não sabia quando!
Confesso que em determinados momentos do livro eu até me cansei da leitura por ser diferente de algo que estou acostumada a ler, mas que quando comecei a me aprofundar, me permiti ser conduzida pelos encantos dessa narrativa!
A princípio, o enredo parece girar em torno do romance de Hazel e Gus (Augustus Waters) que se conheceram no grupo de apoio a pacientes com câncer, que realizava reuniões em uma Igreja, onde a partir daí começa uma reviravolta na história. Gus era um adolescente de 17 anos que acreditava ter recebido uma “pitada” do câncer e que seu tratamento havia trazido bons resultados o permitindo estar há um ano e meio sem ter mais nenhum diagnóstico, até que… bem o destino é imprevisível, mas nossas escolhas não!
Hazel e Gus se apaixonam, mas até então ela não se permite viver esse sentimento por não querer causar sofrimento a mais ninguém, pois acredita ser uma granada prestes a explodir e, com quanto menos pessoas estiverem envolvidas, menor será o estrago. A paixão vem aos poucos. Na verdade, Hazel vai aprendendo a se apaixonar e tudo vem intercalado de medos, anseios e dúvidas, mais que junto Hazel e Gus irão preenchendo o pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas.
A história tem sim o romance, e que por sinal é um lindo amor vivido pelos dois, mas posso dizee, que no meu ponto de vista, a história vai muito mais além deste romance. Sim, Hazel e Gus, assim com os outros personagens não centrais da história (Isaac, Os Pais de Hazel e Gus, Mônica, Peter van Houten), nos transmitem lições para analisarmos nossa própria existência e até que ponto nossa vida tem valor, nos fazendo refletir sobre questões que aparentemente simples, mas que digo ser complexas como: o que vale ou não vale a pena em nossas vidas? Até que ponto eu quero “viver”? A minha felicidade se resume a mim (ao que sou e tenho) ou depende da existência de outro alguém ou aquilo que não tenho? É possível encontrar todas as respostas que buscamos? Somos pessoas com identidades ou simplesmente rotulamos nossa existência? Mas veja, a escolha é sempre individual. Escolher viver como se é e aceitar a si mesmo ou permitir ser rotulada como se fosse um produto prestes a ser vendido. “Não é possível saber se você irá se ferir ou não neste mundo, mas é possível escolher quem irá feri-lo, desde que aceite suas escolhas”… e isso foi o que Hazel fez.
Hazel se permitiu apender que independente do tamanho de seu infinito a vida vale a pena até o seu último sopro dado, e assim viver intensamente mesmo na dor e sofrimento.
E você? Como tem vivido? Já se fez essa pergunta?
Fica a dica de uma boa leitura com grandes aprendizados e valores, escrito por John Green, escritor norte-americano que conseguiu transformar um tema triste como o câncer numa história doce, sensível, inteligente e bem-humorada, tomando certos cuidados para conseguir equilibrar o racional e emocional de seus personagens, sendo possível também ver claramente ao longo da narrativa evolução dos personagens de crianças para jovens adultos, permitindo aos leitores permearem pelos dois mundos.
